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Economia
Quarta - 08 de Agosto de 2007 às 18:56

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SÃO PAULO (Reuters) - As importações de trigo feitas pelo Brasil deverão crescer 8,7 por cento este ano, para 7,1 milhões de toneladas, ante 6,53 milhões de toneladas em 2006, avaliou nesta quarta-feira o presidente da Abitrigo, associação que reúne as indústrias brasileiras.

O crescimento das importações, que coloca o Brasil como o maior comprador mundial, ocorre após uma safra pequena em 2006, e as compras externas devem continuar superiores a 6 milhões de toneladas em 2008, com base em previsões da própria Abitrigo para a produção na atual temporada, insuficiente para amenizar o aperto na oferta brasileira.

O Brasil, segundo a associação, consome cerca de 10,5 milhões de toneladas ao ano, e produzirá 3,3 milhões de toneladas em 2007, ante 2,2 milhões de toneladas em 2006.

"A safra está mais para 3,3 do que para os 3,8 milhões que a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima", disse o presidente executivo da Abitrigo, Samuel Hosken.

A Abitrigo estimava no início do plantio uma safra 2007 de 3,7 milhões de toneladas, mas reduziu a previsão em função de geadas e seca no Paraná (o principal produtor nacional), os mesmos fenômenos climáticos que arrasaram a colheita em 2006.

A Conab informou que não contabilizou na estimativa de agosto as perdas pelas geadas no Paraná.

De janeiro a julho, informou a Abitrigo, o Brasil importou 4,4 milhões de toneladas (contra 4 milhões no mesmo período em 2006), o que significa que as importações de agosto a dezembro seriam de 2,7 milhões de toneladas.

Desse volume esperado para os cinco últimos meses do ano, a maior parte viria do hemisfério norte, ou pelo menos 1 milhão de toneladas, nas contas do presidente da Abitrigo. Desde o início de julho, o governo dos EUA já reportou 273 mil toneladas de vendas de trigo norte-americano ao Brasil, que se somam a cerca de 100 mil toneladas importadas do Canadá.

Nos primeiros sete meses do ano, a maior parte das importações brasileiras vieram da Argentina, tradicional fornecedor, onde o Brasil, por ser parceiro comercial do Mercosul, compra o cereal com isenção de taxas.

Hosken queixou-se que os argentinos aumentaram em mais de 100 por cento as vendas para outros destinos em 06/07, para 3,3 milhões de toneladas, o que reduziu o volume a ser exportado para o Brasil e obrigou o país a comprar o trigo em países do hemisfério norte, com maiores custos (por taxas e fretes mais elevados), em um momento em que a commodity é negociada nos maiores patamares em 11 anos em Chicago .

"Eles (argentinos) sempre dizem que o Brasil pode ficar tranquilo, mas os números mostram que eles têm mais interesse em abrir mercados do que fornecer ao Brasil... o governo brasileiro deveria exigir uma explicação."

CONSUMO INTERNO

O presidente da Abitrigo disse ainda que o governo argentino, argumentando que essas exportações elevadas reduziram a disponibilidade para o mercado interno, cancelou os registros de exportação desde março, mas ao mesmo tempo continou autorizando vendas de farinha ao Brasil.

No primeiro semestre, as exportações de farinha argentina ao Brasil somaram 264 mil toneladas, segundo a Abitrigo, crescimento de 27 por cento ante igual período de 2006. "Dizem que não tem trigo, mas continuam crescento as exportações de farinha e de trigo para outros destinos."

Este ano, a indústria prevê que o Brasil importará 500 mil toneladas de farinha argentina, equivalente a 670 mil toneladas de trigo. Esse seria um dos motivos do processamento do grão no país continuar no nível de 10,5 milhões de toneladas há anos.

Na terça-feira, a Conab reduziu a previsão de consumo interno em 2007/08 para 10,17 milhões de toneladas, menor patamar desde 2001/02. Para o superintendente de Gestão de Oferta da estatal, a queda no consumo de trigo se deve à troca pelo consumidor de produtos feitos à base do cereal pelo arroz, cujo preço está mais baixo.





Fonte: Reuters

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