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Polícia Brasil
Terça - 07 de Agosto de 2007 às 19:52

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O inspetor da Polícia Civil, Sérgio Luiz Albuquerque, de 49 anos, preso na manhã desta terça-feira (7) sob acusação de ter passado informações sobre uma operação na Rocinha, comemorou o fracasso da ação, como mostra a escuta telefônica gravada com a autorização da Justiça.

O inspetor já havia conversado com o traficante na véspera da ação policial. Segundo os investigadores, "futebol" significa operação.

Traficante: “O time de futebol, de repente, vai querer entrar aqui em campo amanhã. Tem que procurar saber legal, mano.”

Sérgio: “Amanhã? Não, eu vou ver isso, eu vou ver isso, tá tranqüilo, eu vou dar uma olhadinha, mas alerta, né, alerta.”

Traficante: “É, tem que ficar alerta.”

Sérgio: “Eu avisei, não avisei?”

Suspeito nega

Sérgio Albuquerque negou todas as acusações. Ele disse que não sabia da ação policial, e que só soube quando a polícia já estava na Rocinha. O inspetor negou envolvimento com traficantes, mas ressaltou que também trabalha como correntista de empréstimos na região, e que, no momento da operação, alguns de seus clientes telefonaram para ele.

“Como é que eu poderia ter falado sobre uma operação policial da qual eu não tinha conhecimento? É impossível. No momento da operação, algumas pessoas da Rocinha me telefonaram, mas eu não falei nada do que estão dizendo. Ainda não ouvi as gravações da polícia, mas garanto que não vazei informação para os traficantes”, disse.

A polícia do Rio não descarta a possibilidade de que outros policiais estejam envolvidos com o tráfico de drogas.

Preso em casa

Albuquerque foi preso no seu apartamento, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. No local, foram apreendidos quatro telefones celulares, um revólver, uma pistola, uma pequena quantidade de maconha, uma caminhonete marca Cherokee, dois computadores e diversos CDs e disquetes.

A chave de um outro carro, marca Volvo, também foi encontrada. Segundo os policiais, o carro está em uma oficina, e também será apreendido.

Segundo o delegado da Delegacia de Roubos e Furtos e Automóveis, Ronaldo de Oliveira, o acusado tem envolvimento direto com o traficante Nem, um dos chefes do tráfico na região.

Beltrame chama de traidor

O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, chamou Albuquerque de traidor e informou que a policia continuará investigando o envolvimento de policiais com o tráfico de drogas.

“À medida que avançávamos nas investigações, percebemos que ele estava envolvido com traficantes da Rocinha e foi responsável pelo vazamento de informações da operação. Ele é um traidor, que não honra a sua corporação. Vamos juntar todas as provas possíveis para que ele seja afastado da polícia e punido de acordo com a Lei”, disse.

Quando perguntado sobre o envolvimento de outros policiais durante a operação, Beltrame disse que “devem ter outros traidores, mas vamos continuar investigando antes de citar nomes”.

Acusado almoçou com traficante

Segundo o delegado Ronaldo de Oliveira, há indícios de que Albuquerque não só teria revelado detalhes da operação como teria procurado um dos traficantes da Rocinha no momento da ação, almoçando com ele em seguida e deixando-o na favela depois que os policiais já haviam ido embora.

Também será investigado o assassinato da namorada do acusado, identificada como Suelen, ocorrido há três meses. Segundo o delegado, há provas de que o mandante do crime teria sido um traficante da Rocinha, conhecido como Joça

Segundo o delegado, Joça seria rival de Nem, amigo de Albuquerque. “Pode ter sido um crime de vingança, já que o preso é amigo do Nem. Vamos investigar para ver se tem alguma relação”, disse.

Balanço da operação

Segundo o balanço divulgado pela Polícia Civil, oito pessoas foram detidas na operação do dia 2, que reuniu mais de 300 policiais e durou mais de seis horas. Desse total, cinco foram presas e três vão responder processo em liberdade.

Foram apreendidos 26 motos roubadas, dez quilos de maconha, cinco quilos de cocaína e 200 papelotes da droga, 500 pedras de crack, além de uma submetralhadora, uma pistola, um revólver, quatro granadas, uma bomba de fabricação caseira, radiotransmissores e computadores, que eram utilizados numa central clandestina de TV a cabo (mais conhecido como “gatonet”).

Culpados pelo vazamento

Na sexta-feira (3), o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, fez uma reunião com todos os chefes de equipes que participaram da operação realizada na Rocinha para apurar de onde partiu o vazamento de informações, que atrapalhou parte da operação e colocou a vida de policiais e da comunidade em risco.




Fonte: G1

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