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Economia
Terça - 07 de Agosto de 2007 às 19:07

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Os produtores de algodão do Centro-Oeste estão colhendo os bons resultados do plantio da primeira variedade de algodão transgênico liberada no país. “O algodão Bt possibilitou um aumento de produtividade de 7% e uma redução de 5,5% no custo com controle de pragas na região”, calcula o consultor em agronegócios da Cotton Consultoria, Eleusio Freire.

“A variedade Bt já se mostrou eficiente e segura, mas os cotonicultores aguardam a liberação de novos tipos de algodão transgênico pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para reduzir ainda mais os custos”, afirma o produtor Álvaro Salles, coordenador da Comissão de Biotecnologia e Assuntos Técnicos da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa).

Mesmo sendo o único algodão geneticamente modificado (GM) à disposição, o Bt ocupou cerca de 134,2 mil hectares do Centro-Oeste na safra 2006/2007. “Isso corresponde a 20% da área total de algodão plantada na região, que foi de 670,8 mil hectares”, compara Freire. Nesta safra, a área cultivada com a planta no Centro-Oeste cresceu 44,1%.

Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul representam juntos 65,1% da produção nacional de algodão. No Mato Grosso, o maior estado produtor do País, a área plantada cresceu 50% este ano, para 549 mil hectares — o equivalente a 54,4% da safra brasileira. Goiás é o terceiro maior produtor, atrás da Bahia, com uma área de 76,7 mil hectares (15% maior que na safra passada). Já no Mato Grosso do Sul, o plantio de algodão deu um salto de 45%, para 43,5 mil hectares, elevando o Estado à quarta colocação nacional em área plantada.

Para Freire, a participação das lavouras GM na área de algodão do Centro-Oeste pode atingir até 90% em dois anos. “Isso deve acontecer caso os impasses que emperram o avanço da biotecnologia no Brasil sejam solucionados, permitindo a liberação comercial de novas versões transgênicas”, explica.

“O algodão Bt, liberado e em uso atualmente, possibilita um controle muito eficiente de três lagartas: curuquerê, das maçãs e rosada. Porém ainda há a necessidade de controle da lagarta Spodoptera, de percevejos, do bicudo e de insetos sugadores como pulgão e mosca branca”, ressalta o consultor e engenheiro agrônomo.

A aprovação de novos tipos de algodão transgênico está na pauta da CTNBio. O órgão realiza no próximo dia 17 de agosto uma audiência pública para discutir a liberação comercial das seguintes variedades: tolerante ao herbicida glufosinato de amônio; tolerante ao herbicida glifosato; e resistente a insetos da ordem Lepidóptera (lagartas).

Para Alda Lerayer, diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), o Brasil ganhará muito com essas possíveis novas aprovações. "Calcula-se que os produtores de algodão deixarão de acumular US$ 2,1 bilhões na próxima década caso a biotecnologia fique de fora ou seja dificultada”.

“O aumento das áreas de algodão no Centro-Oeste está diretamente ligado à viabilidade financeira da cultura, e estas tecnologias certamente darão mais competitividade e, principalmente, maior sustentabilidade ambiental à cotonicultura”, explica Álvaro Salles.

Na área ambiental, Alda destaca as informações disponíveis no Guia do Algodão – material informativo lançado recentemente pelo CIB. Segundo dados da publicação, a economia de combustível pela diminuição de pulverização com algodão GM poderá ser de até 14.400.000 litros de diesel/ano, dependendo da variedade adotada, o que representa uma redução na emissão de até 100 kg de CO² por hectare na atmosfera.

Outra vantagem econômica está na redução do volume de água nos pulverizadores, que pode variar de 700 litros/ha a 1.000 litros/ha, também dependendo da variedade utilizada. “Se considerarmos que os algodoeiros transgênicos em poucos anos podem atingir 80% da área cultivada no Brasil, a economia de água chegaria a 800.000 m³ por ano”, comenta Alda.





Fonte: Pantanal News

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