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Nacional
Segunda - 06 de Agosto de 2007 às 23:34

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BRASÍLIA - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, será convocado a comparecer à Comissão de Relações Exteriores do Senado para explicar os motivos que levaram o governo brasileiro a colocar o aparato policial do Estado para localizar e deter os dois atletas cubanos que haviam desertado da delegação de seu país nos Jogos Pan-Americanos do Rio. Os pugilistas Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara passaram alguns dias foragidos, mas foram detidos na última quinta-feira e já foram enviados de volta para Cuba.

Autor do requerimento de convocação, o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), afirma que o episódio patrocinado pelo governo Lula "causa profunda indignação". "A tradição da diplomacia brasileira sempre foi a de garantir, irrestritamente e sem qualquer posicionamento político-partidário, todos os direitos e garantias a qualquer cidadão estrangeiro em passagem pelo País", afirma.

Em nota divulgada à imprensa, os Democratas (ex-PFL) manifestam a "indignação pela utilização do serviço de inteligência da Secretaria de Segurança Pública como um prolongamento da polícia política do ditador Fidel Castro."

Os Democratas revelam preocupação com o destino dos dois pugilistas agora que estão de volta a Cuba. "O partido declara à sociedade brasileira sua apreensão com o destino que aguarda os atletas, pois o governo de Cuba inicialmente anunciou que eles não seriam presos. Após o embarque, contudo, revelou que ficarão retidos em casas especiais do Estado, onde poderão receber a visita de seus familiares", diz o comunicado.

O partido também revela que estava prestes a impetrar habeas corpus contra a liberdade vigiada imposta aos cubanos pelo governo brasileiro quando soube que os dois já haviam embarcado - viajaram para Havana na noite de sábado. "O governo do presidente Lula foi eficiente como nunca antes para devolver os pugilistas para as mãos do ditador cubano", alega o comunicado dos Democratas.

Presidente da Comissão de Relações Exteriores, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) comparou o episódio à deportação de Olga Benário para a Alemanha na época do nazismo. Ele disse que viu "petistas chorando, aos prantos, em solidariedade à dor que todos sentimos e que envergonha nossa história do episódio vivido pela Olga Benário", ironizou. E que, ainda assim, o partido do presidente Lula repetiu a cena.

Presente no plenário, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que ficou muito preocupado quando soube que os atletas haviam abandonado a delegação de seu país durante o Pan e estavam desaparecidos. Ele concordou que a participação do governo brasileiro na detenção dos cubanos "precisa ser objeto de um melhor esclarecimento". Disse ainda, no plenário, que telefonou ao chanceler interino Samuel Pinheiro, pedindo explicações sobre o caso. Mas ele não divulgou o que ouviu como resposta de Samuel Pinheiro.





Fonte: Estadão

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