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Nacional
Segunda - 06 de Agosto de 2007 às 18:59

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BRASÍLIA - O advogado Maurício Saraiva vai processar a União por causa do sumiço de pertences e documentos de sua mulher, Graça Rickli, morta no acidente com o Boeing da Gol, em 29 de setembro do ano passado, que matou 154 pessoas. Ele considera "inaceitável" o fato de o celular de Graça ter sido negociado no mercado de telefones roubados do Rio de Janeiro, dez dias depois da tragédia.

Culpa o Estado, também, por permitir que os documentos da passageira caíssem nas mãos de falsários que financiaram um carro em nome dela, nove meses depois de sua morte.

"Como não posso acionar a Aeronáutica diretamente, acionarei a União", disse ontem Saraiva. Ele lembrou que a Força Aérea cercou o local do acidente e não permitiu sequer o acesso de familiares das vítimas à área.

"A partir do momento em que a própria Aeronáutica recusou a ajuda do Exército e nos disse que não deixaria nem que índios entrassem no local para não haver saque, ela chamou para si esta responsabilidade", argumenta o advogado, decidido a apresentar à Justiça Federal, até o final da semana que vem, uma ação conjunta com as duas filhas da vítima, Anne e Catherine Rickli.

Segundo o advogado, será uma reclamação específica, em relação ao cuidado que a Aeronáutica deveria ter com os pertences que das vítimas, alguns deles apensados ao corpo, como brincos e alianças. "

O Estado tem que assumir responsabilidade na sua atividade. Não pode ser inconseqüente", acrescentou, ao salientar que a Gol foi "afastada" da tarefa do resgate dos corpos e dos bens na selva mato-grossense, onde ocorreu o acidente.

O único pertence de Graça que o marido e as filhas conseguiram recuperar até agora foi o par de tênis que ela usava no momento do acidente. Foi o próprio marido quem identificou o tênis da mulher em meio a cem outros pares de sapato, todos depositados no galpão onde a Gol reuniu os objetos recolhidos na selva, que lhe foram entregues pela Aeronáutica.

Esse material ficou sob a guarda do Ministério Público do Distrito Federal e foi colocado à disposição dos familiares no Aeroporto Internacional de Brasília. Tudo o que foi identificado, o próprio MP encarregou-se de enviar às famílias dos mortos em vários Estados.

O promotor Diaulas Costa Ribeiro divulgou, à época, que entre os pertences encontrados estavam dezenas de laptops, 150 pares de meias, 100 pares de sapatos, documentos, roupas, brinquedos e dois telefones celulares. Entre os objetos identificados como sendo de 108 passageiros, também havia documentos, livros com a assinatura do dono, eletrônicos e roupas (principalmente de militares) com nomes gravados.

Mas tudo, segundo o promotor, estava em péssimo estado de conservação.

"É impossível que as malas tenham sido encontradas fechadas. Não tem nada íntegro. Tudo o que foi encontrado está inutilizado, deteriorado, sem condição de uso. A devolução será feita por razão sentimental", disse o promotor na ocasião.




Fonte: Estadão

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