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Internacional
Domingo - 05 de Agosto de 2007 às 22:22

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Buenos Aires, 5 ago (EFE).- A primeira-dama e candidata à Presidência da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, afirmou que o país precisa "voltar ao mundo" e que é preciso "aprender com as grandes nações".

"Quando precisamos resolver a fome de muitos argentinos, a política externa passou para segundo plano e tivemos que viver um pouco fechados. Isso já passou", disse a senadora em entrevista ao jornal "La Nación" publicada hoje.

A mulher do presidente da Argentina, Néstor Kirchner, declarou que o país se incorporou ao resto do mundo nos últimos anos com o crescimento das exportações e a política de direitos humanos do Governo.

"O direito à verdade é um conceito argentino que criou precedentes em todas as partes", disse a primeira-dama. Segundo ela, a política externa não é só um "entremeado político e social".

"Temos que aprender com os grandes países. Seus embaixadores são também os embaixadores de suas economias, de suas empresas e de seus interesses comerciais, sem descuidar, obviamente, das grandes questões políticas", afirmou.

Cristina, favorita nas pesquisas com uma grande vantagem sobre os demais candidatos, deu destaque à visita ao México, onde acompanhou o presidente argentino. Segundo ela, os dois países são os de maior identidade cultural na América Latina.

A candidata também afirmou que o México deseja se encontrar com a América Latina e é preciso recebê-lo de braços abertos. Ela fez críticas ao muro que o Congresso dos Estados Unidos autorizou para ser construído na fronteira com o México.

Se vencer as eleições, Cristina se tornará a primeira mulher a ocupar a Presidência por voto direto na Argentina e a quarta na América Latina.

A primeira-dama também falou sobre o presidente venezuelano, Hugo Chávez, que "foi eleito democraticamente". Cristina considera que a comunidade internacional não vê com bons olhos suas atitudes na democracia venezuelana.

"Disse na Europa que eles convivem com (Vladimir) Putin, acusado de ter matado uma jornalista e um ex-espião. Chávez não fez isso. E disse que Chávez era tão necessário para a matriz energética da América Latina como Putin o é para a da Europa", afirmou.

A candidata da Frente para a Vitória, partido que Kirchner criou à margem do Justicialismo (Peronismo), reconheceu, no entanto, que se sente incomodada quando Chávez utiliza o termo "socialismo".

Segundo ela, o Governo venezuelano "é um socialismo que compra empresas com valor de mercado, paga pontualmente suas dívidas e respeita todos os compromissos energéticos com os Estados Unidos".

"A palavra socialismo é um pouco estranha nessas condições, como é estranho o discurso duplo de muitos empresários: criticam Chávez, enquanto fazem bons negócios com ele. Enfim, nada é tão simples como parece", afirmou a senadora.

"Não é bom colocar os militares num sistema de partidos ou em correntes ideológicas", acrescentou, ainda sobre a Venezuela.

Desde que começou a ser mencionada como possível candidata presidencial, Cristina cumpre uma ativa agenda internacional, com visitas às autoridades de países como Espanha, França, Equador e México.

O próximo encontro internacional da senadora será com a chanceler alemã, Angela Merkel, na Alemanha.

"É preciso abandonar o terreno da discórdia entre o campo e a indústria", afirmou, após os camponeses enfrentarem duramente o Governo no sábado, durante a inauguração da mostra mais importante do setor.

O "acordo social" proposto durante o lançamento de sua candidatura "deve ter o espírito do Pacto de Moncloa, mas não o conteúdo", acrescentou.

"Proponho um acordo que não fique apenas em preços e salários, mas numa política de Estado sobre a economia que queremos. Um país capitalista com acento nas exportações e na 'marca Argentina' instalada no mundo. Um país com o necessário equilíbrio social também", afirmou.





Fonte: EFE

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