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Esportes
Sexta - 03 de Agosto de 2007 às 21:34
Por: Pedro Cardoso da Costa

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Um monstro sagrado é uma expressão aparentemente contraditória, mas no esporte significa um atleta acima da média e distante dos demais. Os analistas buscam todo tipo de definição e explicações para explicar o por quê surgem esses fora de série. No esporte existem duas fases bem definidas. A fase de atleta, e pós, quando se tornam treinadores. Nem o gênio atleta se torna um genial treinador, e muitos nem sequer chegam a ser bons; outros razoáveis atletas se tornam geniais treinadores. Isso desfaz logo uma das invencionices da mídia brasileira, de que certos gênios são divinos. Se fosse, seriam nas duas fases. Na primeira categoria, Falcão e Zico são exemplos mais conhecidos. Na segunda, Wanderley Luxemburgo e Bernardinho dispensam comentários. Uns se tornam mitos, inalcançáveis por imposição da mídia e aceitação de todos. Pelé é o exemplo máximo, especialmente para a imprensa ufanista nacional. Embora respeite os milhares de gols, pelos tapes Maradona foi melhor. Ninguém tem culpa que a arte dos atletas mais recentes, comprovadas pelas imagens, não possam ser comparadas com às da época do “Rei”.

O treinador Wanderlei Luxemburgo venceu cinco campeonatos nacionais por quatro equipes diferentes. Os segundos colocados, Rubens Minelli e Enio Andrade, venceram três, quase metade. Campeonatos paulistas já são sete. Já Bernardinho venceu tudo e várias vezes, o que impossibilita a quantificação pelos normais. Ele vence com convicção, sem arrogância, sem falsa humildade. De comum, ambos contradizem argumentos de efeitos colaterais da imprensa. Primeiro, ambos não são poços de simpatia, pois esta pode ajudar no relacionamento interpessoal, mas não tem nenhuma interferência na competência profissional. O treinador de futebol demonstra ser arrogante em momentos. Bernardinho não vende a imagem de que precisa ser pai nem tutor de atleta. Entretanto, não abre mão da disciplina profissional; nem de treinamento intensivo, essenciais aos vencedores em qualquer esporte.

Exige espírito constante dos atletas para entrarem em competições para vencer. Contraria o espírito dominante de que o já ganhou atrapalha e de que os brasileiros se desmotivam naturalmente com poucas vitórias. Também não fica choramingando de que “não acreditavam na gente”. Todo crédito decorre de confiança, se não passam essa segurança não há por que cobrar credibilidade. Reconhecer a própria capacidade não auto-bajulação como grande parte da imprensa confunde-se. Luxemburgo, ainda não, mas Bernardinho já alcançou o ápice na carreira. Podem não desempenhar um bom trabalho, mas as estatísticas comprovam a competência deles. Bernardinho está acima porque venceu as Olimpíadas. Mas ambos deveriam parar de treinar e assumir cargos administrativos que abrangessem vários esportes. Com eles no comando, com apoio financeiro e políticas de esporte, o Brasil deixaria de ser figurante em Olimpíadas; chegaria a número um no quadro de medalhas. Mas parece uma triste sina brasileira a escolha de incompetentes para gerenciamento. Bernardinho seria um genial ministro de esporte. Pessoalmente poderia não ser tão prazeroso quanto treinar, mas seria ótimo para o Brasil.

Pedro Cardoso da Costa – Bel. Direito Interlagos/SP




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