Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Sexta - 03 de Agosto de 2007 às 15:49

    Imprimir


Com a baixa oferta de bovinos para abate nesta entressafra de pasto elevando os preços da arroba para os maiores valores em mais de dez anos e um câmbio apertando as margens do exportador, os frigoríficos estão mais seletivos em busca de compradores no exterior que paguem um maior preço pelo produto.

Ainda, segundo fontes do setor, a alta de preços do boi, que levou muitos frigoríficos a reduzirem os abates no último mês, dificilmente teve algum efeito na queda das exportações em julho do Brasil, o maior exportador mundial de carne bovina. Segundo o governo, os embarques em julho (in natura) ficaram em 97,5 mil toneladas, ante 105,4 mil em junho e 115,4 mil toneladas em julho de 2006.

"Não (teve efeito). Exportamos apenas 25 por cento da produção nacional, não tem um efeito maior, mas é evidente que com a valorização do real o pessoal está mais cuidadoso em selecionar mercado de preços... se não consegue melhorar, não tem como exportar, por causa da valorização do real", disse Marcus Vinicius Pratini de Moraes, o presidente da Abiec, que representa a indústria de carne bovina.

"Nessa época do ano sempre tem uma elevação de preço do boi, isso é uma coisa estacional, mas o preço lá fora também está aumentando", acrescentou ele.

Apesar da turbulência recente no mercado acionário, o dólar se mantém próximo do menor valor desde setembro de 2000. Estava cotado em torno de 1,87 real nesta sexta. De outro lado, em julho o preço médio na exportação de carne bovina subiu para 2.691 dólares por tonelada, contra 2.588 em junho e 2.520 em julho de 2006.

"É claro que o aumento de preços não compensa toda a valorização do real, mas compensa boa parte dela."

Sobre a queda nas exportações em julho, o ex-ministro da Agricutura Pratini, afirmou, por telefone, que o Brasil exportou bastante nos meses de maio e junho. E, segundo ele, quando isso acontece, a tendência é as exportações em julho caírem --tiveram redução de 15 por cento ante o mesmo período do ano passado.

"Deve ter havido uma superestocagem lá na Rússia (principal comprador), eles reduziram as compras, depois volta a crescer...", explicou.

Pratini avaliou ainda que dificilmente o real ficará ainda mais forte frente ao dólar. "Se o câmbio continuar se apreciando, o que é pouco provável, o único jeito é melhorar o preço, ou então diminuir a exportação. Mas acredito que chegamos em um piso do dólar...", afirmou.

Dessa forma ele manteve as previsões da Abiec de aumentar as vendas em volumes em pelo menos 10 por cento este ano. No primeiro semestre, o Brasil exportou 1,363 milhão de toneladas, alta de 26 por cento ante o mesmo período de 2006.

MERCADO INTERNO

José Vicente Ferraz, diretor da consultoria FNP, considerou improvável uma redução nos embarques em julho em função dos preços altos do boi.

Na quinta-feira, o indicador do boi Esalq/BM&F registrou o maior valor nominal desde 1994, quando a pesquisa foi iniciada, para 63,44 reais a arroba --com a menor oferta, que tem origem até no abate de matrizes nos últimos anos, os frigoríficos acabam melhorando suas propostas aos pecuaristas.

"Tenho dúvidas... até porque o mercado externo paga mais do que o mercado interno, o normal seria que o encaminhamento da carne fosse mais para o mercado externo do que para o interno", disse, observando que, nessas condições, o normal seria o preço subir bastante para o consumidor brasileiro, para que ele consumisse menos e sobrasse mais para exportar.

No entanto, mesmo com o aumento nos preços internos --segundo pesquisa do Instituto de Economia Agrícola, o valor da carne bovina subiu 8 por cento em julho ante junho-- o consumo está aquecido, observou o presidente da Abiec.

"Segundo nossos técnicos, devemos chegar até o final do ano com consumo per capita de 40 kg por habitante/ano, contra 35-36 da média dos últimos anos", disse ele, observando que a economia brasileira deve crescer entre 4,5 e 5 por cento em 2007. "Isso representa um aumento da renda pessoal... com a economia crescendo, as pessoas compram mais carne."





Fonte: Reuters

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/213729/visualizar/