Repórter News - reporternews.com.br
Esportes
Terça - 31 de Julho de 2007 às 14:05
Por: Humberto Peron

    Imprimir


É inegável a força e o prestígio da seleção brasileira no cenário mundial. Também não é nenhuma novidade o reconhecimento e admiração ao talento dos nossos jogadores, que têm mercado em todos os lugares do planeta. Mas quase não existe no exterior conhecimento sobre os clubes brasileiros. Nem as recentes conquistas mundiais de São Paulo e Internacional colocaram esses clubes num nível de exposição comparável ao dos principais clubes da Europa. O pouco conhecimento dos nossos times faz, por exemplo, com que nosso campeonato não consiga ser transmitido para vários países importantes.

A grande questão é por que nossos clubes não conseguem aparecer nem no mercado Europeu, nem no rentável mercado asiático e nem nos emergentes mercados dos Estados Unidos e México. A resposta é simples. O grande problema está no nosso calendário. Enquanto nosso futebol não tiver o mesmo calendário do resto do planeta, nossos clubes continuarão escondidos do cenário do futebol mundial e perderão a chance de conquistar novos mercados, além de perder dinheiro, pois não vão faturar dinheiro fazendo jogos em outros países.

Sem poder viajar, já que no período de pré-temporada do futebol mundial nossos times estão no meio da disputa do Campeonato Brasileiro, fica impossível um clube brasileiro fazer uma excursão à Europa, ou à Ásia, por exemplo. É muito difícil lembrar qual foi o último grande clube brasileiro que fez um giro pelo mundo. Para quem não se lembra, ou não sabe, era muito comum os times brasileiros saírem para jogar em todos os cantos do planeta. E não excursionavam apenas times como o Santos, de Pelé, e o Botafogo, de Garrincha. Iam para gramados estrangeiros até equipes de menor expressão, como Ferroviária e Bangu.

Até a participação nos torneios de verão da Europa, como o quadrangular Ramon de Carranza (disputado em Cádiz, Espanha), que dava a chance aos brasileiros de enfrentarem os times mais fortes do Velho Continente, como Real Madrid, Barcelona, Milan e tantos outros, fica inviável na forma como é disputado nosso futebol.

Com um calendário único no mundo, além da exposição mundial dos nossos clubes, o Brasil fica da fora da rota dos clubes europeus que viajam por todas as partes do mundo na pré-temporada. Com condições climáticas ideais, bons centros de treinamentos particulares e, por que não, um mercado que consome muitos artigos de clubes europeus (em algumas capitais brasileiras é muito mais fácil encontrar camisas do Manchester United, Internazionale e Milan que o uniforme dos times locais), o Brasil teria a chance de atrair vários clubes para jogar amistosos aqui.

Não é possível que o Brasil não esteja na rota de preparação de grandes clubes enquanto países sem a mesma tradição no futebol, como Hong Kong e África do Sul, recebam clubes. Olha que eu nem comparei com mercados que financeiramente atraem os clubes, como Estados Unidos, Coréia do Sul, Japão e China, que juntos receberão 18 dos principais clubes Europeus nesse início de temporada.

Nosso calendário apresenta outro lado cruel contra os clubes. As competições da seleção prejudicam as agremiações. Tudo bem que a maioria dos convocados joga no exterior, mas, além dos jogadores convocados, nossos clubes ficam em segundo plano quando a seleção está em uma competição importante. Não se pode admitir que o Campeonato Brasileiro seja parado durante 50 dias, como aconteceu no ano passado, devido à Copa do Mundo, por exemplo.

Num futebol que a cada dia que passa fica mais globalizado, os clubes brasileiros precisam lutar pela mudança do calendário, para conquistar novos mercados e conseguir maior visibilidade.





Fonte: Folha Online

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/214291/visualizar/