Exército britânico deixa Irlanda do Norte após 38 anos
A operação Banner, como ficou conhecido o esquema de apoio britânico à polícia norte-irlandesa, foi até agora a campanha mais longa do exército, com a participação de mais de 300 mil soldados.
Uma guarnição de cinco mil militares permanecerá na província, mas a partir de agora a segurança será inteiramente de responsabilidade da polícia local.
A retirada das tropas acontece dois meses e meio depois da formação de um novo governo conjunto na Irlanda do Norte.
Governo de coalizão
Desde o dia 8 de maio, dois adversários históricos – o líder do Partido Unionista Democrático (DUP, sigla em inglês), Ian Paisley, e o líder do católico Sinn Féin, Martin McGuinness – dividem o gabinete como primeiro-ministro e vice-primeiro-ministro, respectivamente, após o fim de cinco anos de governo direto britânico.
O exército foi enviado à Irlanda do Norte em 1969 depois de violentos combates entre católicos e protestantes.
Quando os primeiros militares desembarcaram na província, os comandantes acreditavam que a missão teria duração de apenas algumas semanas, mas rapidamente o exército se envolveu com a segurança, criando a operação Banner.
Cerca de 763 soldados britânicos morreram durante os 38 anos de operação.
No auge da crise, a Irlanda do Norte chegou a receber 27 mil militares. O chefe do exército britânico na Irlanda no Norte, Nick Parker, acredita que a operação tenha tido influência na criação de uma solução política para o conflito.
“O que os militares fizeram representa uma contribuição significativa para a segurança na Irlanda do Norte, permitindo que outras pessoas fizessem a diferença através da política e programas sócio-econômicos”, disse Parker.
Visões opostas
A missão das tropas britânicas, no entanto, sempre despertou opiniões opostas entre unionistas e republicanos.
“Os unionistas acreditam que o exército foi um componente vital na luta contra o IRA (Exército Republicano Irlandês), uma barreira que os protegeram contra o inimigo republicano”, diz o correspondente da BBC na Irlanda do Norte, Vincent Kearney.
“Republicanos e muitos nacionalistas têm uma visão diferente. Para eles, o exército foi parte do problema, não a solução. Críticos apontam a chamada guerra secreta do exército como fonte do uso controverso de agentes e informantes que levaram à suspeitas de conspirações”.
Os registros dos primeiros conflitos e revoltas contra a dominação britânica, muitas vezes brutal, são do século 12, mas o auge dessas revoltas foi o Levante da Páscoa, em 1916, na cidade de Dublin.
No início da década de 90, começaram as negociações de paz entre o governo britânico e os partidos irlandeses, e depois de anos de conversas, em 1998, foi assinado o Acordo da Sexta-feira Santa entre o Sinn Fein, braço político do IRA, e os grupos paramilitares protestantes.
No entanto, os problemas continuaram, e o governo compartilhado teve que ser suspenso diversas vezes.
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