"Desanimação" brasileira é novo fenômeno na web
Christian Caselli, cineasta independente, editor, jornalista, crítico de cinema, curador de mostra de filmes e programador visual, criou e produziu o curta digital como primeira experiência de um projeto. "Era parte de uma instalação de videoarte que eu queria fazer chamada 'Os fins cíclicos'," relembra. "Seriam várias histórias que voltariam ao começo. O paradoxo da espera do ônibus foi o primeiro, serviu de cobaia. Aí eu resolvi colocar na Internet para ver o que aconteceria", conta. O vídeo foi selecionado para o Prêmio WeShow que escolhe mensalmente os melhores vídeos disponíveis na internet em mais de 150 canais diferentes. Ele está entre os dez mais votados, escolhido em sucessivas votações entre os indicados.
O resultado surpreendeu: são mais de 4 mil acessos por dia. "Foi uma grande surpresa. Não sei o que aconteceu exatamente. O filme teve uma aceitação muito grande. Eu tive uma certa sorte por ter ficado um tempo na capa da versão brasileira do YouTube. Acho que gerou um boca-a-boca por ser um desenho desanimado em que nada acontece. Não tem um movimento de personagem, não tem nada disso. É só um cara esperando no ponto de ônibus" espanta-se Caselli.
Apesar do sucesso, ou talvez por isso mesmo, o vídeo não é uma unanimidade. Nos comentários, alguns internautas reclamam, por exemplo, dos palavrões."Eu não poderia colocar 'caramba', 'que pena', 'que droga'. Numa situação como aquela a gente pensa palavrão mesmo. Eu fui fidedigno a situação. No caso de dar uma topada com o pé, por exemplo, o palavrão é meio mágico. Diminui a dor," justifica o diretor e roteirista. "Não tenho nada contra o palavrão", complementa. As imagens dos detalhes do ponto de ônibus também foram motivos de observações entre os internautas. "Isso foi parte da criação do Gabriel. Ele fez um hiper detalhamento que me permitiu ser mais ágil na edição", diz Caselli, elogiando o trabalho do gaúcho Gabriel Renner.
Quem considerou o filme cômico - e não foram poucos - segundo o diretor, o fez por puro nervosismo. "Eu não pensei no humor. Um amigo me disse que a mãe dele morreu de rir vendo o curta. Rir de que?" , espanta-se. Outros espectadores, mais curiosos, pedem a continuação da história. Christian Caselli avisa: "Estou pensando em fazer outros tipos de paradoxos, quem sabe pensar em pegar um táxi,", planeja. "Aí deixaremos de lado o paradoxo e partirei para uma equação, onde tempo é dinheiro" avalia. Caseli agora quer fazer o "transfer" do trabalho, ou seja, passa-lo para película e exibi-lo em festivais de cinema brasileiros e internacionais.
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