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Economia
Domingo - 29 de Julho de 2007 às 12:47

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No primeiro teste de resistência a crises após o Brasil alcançar o recorde US$ 150 bilhões em reservas para se proteger de turbulências externas, a Bovespa caiu 7,86% na semana passada, o real se desvalorizou mais que as moedas de países como México e Colômbia, e a piora no risco-país foi maior que a média dos emergentes. Esse comportamento mostrou vulnerabilidades na área financeira. Mas até que ponto isso pode afetar a economia real, caso a crise se prolongue?

Economistas ouvidos pela Folha divergem. Há quem defenda que a semana foi um sinalizador de que o Brasil não está blindado contra crises e pode sofrer ainda mais. Porém a maior parte sustenta que, se a piora no cenário externo se arrastar por muito tempo, a situação tende a se reverter e o país deverá sentir menos.

Isso porque, segundo eles, nesse primeiro momento, a oscilação foi um ajuste financeiro sem vinculação com o comportamento dos indicadores macroeconômicos. "Primeiro, vem o pânico. Os investidores reduzem a exposição em economias que geraram ganhos para cobrir perdas em outros países ou aplicar em ativos com menos risco", diz Caio Megale, economista da Mauá Invest.

Ele afirma que, se as turbulências seguirem por mais tempo, haverá uma diferenciação melhor das economias comparando os indicadores e prevalecerá a melhora do Brasil. Para Roberto Padovani, do banco WestLB, apesar do volume alto de reservas, um componente financeiro deixa o país mais exposto: a facilidade com que se vendem títulos da dívida brasileira, o que, no jargão financeiro, chama-se de alta liquidez.

Isso faz com que os papéis brasileiros, que pagam juro elevado, sejam os primeiros a serem negociados, com impacto direto no risco-país (que mede a confiança externa na economia brasileira). "O Brasil tem liquidez porque está atraente para investimentos, oferecendo boa oportunidade de ganhos", diz Nuno Camara, do Dresdner Bank, em Nova York.

Na semana passada, o risco Brasil subiu 27%, enquanto a média registrada nos emergentes foi de 15%. O dólar chegou a se valorizar 3,8% ante o real entre terça e quinta-feira. Mas, na sexta, a moeda brasileira se recuperou, e a valorização do dólar na semana caiu para 2,15% -maior do que os 2% que a moeda dos Estados Unidos avançou em relação ao peso mexicano.

"A estabilidade macroeconômica não impede que ativos sejam contaminados. Mas esse movimento de quase R$ 0,10 no câmbio [de R$ 1,842, na segunda, para R$ 1,927, na quinta] não contamina a economia. No curto prazo, não é expressivo para inflação", diz Padovani.

Fragilidade

O economista Ricardo Carneiro, da Unicamp, diz que essa maior liquidez dos ativos brasileiros reflete, justamente, a fragilidade do real. Ao primeiro sinal de instabilidade, diz, o investidor foge das moedas menos conversíveis.

"Quando acontece uma reversão no ciclo financeiro, os ativos nessas moedas são os primeiros candidatos à liquidação." Nessa situação, não haveria garantias de que o Brasil passará ileso por uma crise mais forte, até porque outros emergentes estão mais preparados que o país, diz.





Fonte: Folha de S.Paulo

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