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Esportes
Quinta - 26 de Julho de 2007 às 08:08

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O sucesso da equipe brasileira de boxe nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, já tendo conquistado oito medalhas e quebrado o recorde histórico em edições do Pan, não se resume ao talento dos lutadores no ringue. Fora dele, uma verdadeira "mãezona" cuida da alimentação e até do lado psicológico dos boxeadores: a nutricionista Alessandra Perón, 35 anos, única mulher na delegação brasileira.

Guerreira, ela não se deixou nocautear pelo preconceito que começou em casa. "O maridão Emerson não gosta do que eu faço. Rola um ciúme básico. Mas sou firme, decidida, e faço esse trabalho porque gosto. Ele tem que me engolir!", brincou Alessandra, mãe de João Vítor, 8 anos, que acompanha todas as lutas.

A segunda barreira a vencer foi a desconfiança explícita dos treinadores cubanos, que comandam o boxe nacional. "Introduzi o carboidrato nas refeições diárias dos lutadores. Os cubanos acharam o fim da picada. Na cultura deles, boxeador tem que comer muita carne e salada. Massas e derivados de açúcar, jamais", conta a nutricionista.

A crise maior aconteceu quando ela passou a fazer para os atletas uma alimentação suplementar que tem de ser ministrada com água. "Aí, foi uma loucura. Eles não admitiam que o lutador bebesse líquido, nem durante os treinamentos. Dei a eles o maltodextrina, um açúcar derivado do milho, e os cubanos quase me nocautearam", diverte-se. "Mas, depois, com os resultados obtidos, acabaram me aceitando. No início, foi uma barra pesada", disse Alessandra, que trabalha com o boxe há dois anos e meio.

Ao assumir o posto na Seleção, a convite do preparador físico Valdir Zambrano, Alessandra Perón teve que começar o trabalho do zero. "A maioria tinha colesterol altíssimo e péssimos hábitos alimentares. O Glaucélio Abreu, por exemplo, que veio de Igarapé Mirim, no Pará, nunca tinha comido uma folha de alface. Não sabia o que era uma berinjela. Desconhecia a couve-flor. Foi uma luta fazê-lo se readaptar a uma nova alimentação. Tive de explicar minuciosamente o porquê da necessidade de comer este ou aquele alimento. Hoje, o Glaucélio é um apaixonado por saladas", comemora.

Considerada uma deusa pela equipe brasileira, Alessandra está também fazendo o maior sucesso entre os argentinos. "É por causa do meu sobrenome, Perón. Eles imaginam que sou parente do ex-presidente argentino e me enchem de presentinhos", completa, às gargalhadas.

Esperança e muito choro brasileiro

Os pugilistas Éverton Lopes, que vai encarar o cubano Yordenis Ugas, na categoria 60kg, e Pedro Lima, que terá pela frente o americano Demetrius Andrade na 69kg, são as esperanças de medalha de ouro para o Brasil, no programa final do torneio de boxe do Pan 2007.

Ontem, o Brasil ratificou cinco medalhas de bronze que já havia conquistado por antecipação. Com chances de disputar à final, os cinco brasileiros foram derrotados. Rafael Lima foi nocauteado pelo cubano Osmay Acosta no segundo round. O direto que o brasileiro levou no rosto abalou também a mãe do lutador, Dona Rosaura, que chorou muito, abraçada ao filho.

Outro que foi às lágrimas após ser derrotado por 19 a 15 pelo dominicano Agner Nuñes foi Glaucélio Abreu (75kg). Chorando muito, ele se disse envergonhado por não saber como explicar a derrota ao filho Júnior.

Emocionado, Glaucélio mandou recado para o menino de 11 anos. "Perdão, meu filho. Tentei fazer o melhor. Vou erguer a cabeça para tentar o ouro no Mundial de setembro, em Chicago".

Além deles, Davi Souza (57kg) perdeu para Abner Cotto, de Porto Rico por 16 a 12 e Rogério Minotouro (mais de 91kg) viu o sonho do título esvair-se diante de Robert Alfonso, de Cuba) por 4 a 0.




Fonte: O Dia

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