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Economia
Segunda - 23 de Julho de 2007 às 20:01

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Não tem saída. O Banco Central não terá trégua nas intervenções no mercado de câmbio e não se vê, a curto e a médio prazos, qualquer perspectiva de enfraquecimento do real frente ao dólar.

O recado vem das contas externas brasileiras, divulgadas pelo BC, que fez o balanço do primeiro semestre nesta segunda-feira.

"Dólares continuam chegando ao País, que deve fechar o quinto ano consecutivo com superávit em conta corrente. Isso se traduz em redução do passivo externo líquido e na melhora dos indicadores de solvência, que atraem mais recursos", avalia Luiz Cezário, economista do HSBC Bank Brasil.

O fortalecimento constante dos principais indicadores de solvência do País atiça os investidores internacionais dispostos a aumentar sua participação em empresas brasileiras e a garantir elevados retornos financeiros.

"A queda do risco-país é extraordinária e sugere que o real ainda tem espaço para apreciação em relação ao dólar, que, por sua vez, vem se depreciando ante todas as moedas no mercado internacional", explica Nuno Almeida, analista do Standard Bank no Brasil.

"O cenário internacional ainda é favorável, a liquidez é expressiva e o Brasil segue para investment grade. Isso não quer dizer que a economia brasileira vai deslanchar e que todos os problemas estão resolvidos. O Brasil pode, sim, seguir o caminho do México e não conseguir fôlego para uma arrancada do crescimento. Mas é inegável que é importante e positivo receber a melhor classificação possível sob o olhar dos investidores internacionais."

Bolso fala mais alto

O investimento externo direto marcou recorde em junho, totalizando US$ 10,3 bilhões, e os investimentos estrangeiros em carteira somaram US$ 4,786 bilhões.

No primeiro semestre do ano, os investimentos em carteira subiram a US$ 24 bilhões.

As aplicações em renda fixa rondaram US$ 16,5 bilhões de janeiro a junho, período em que os investimentos em ações aproximaram-se de US$ 7,6 bilhões.

Nos dois casos, renda fixa e ações, o volume mais relevante de operações ocorreu no mercado interno. E, entre a renda fixa, os títulos federais enquadrados em médio e longo prazos são destaque no semestre.

As compras de papéis públicos de médio e longo prazos por estrangeiros seguiram firmes: avançaram de US$ 1,44 bilhão em maio para US$ 1,997 bilhão.

Os dados do BC mostram, em contrapartida, que as negociações em ações no país tiveram forte desaceleração, passando de cerca de US$ 2,5 bilhões em maio para US$ 455 milhões em junho.

Preferência por IPO "O tombo dos investimentos em ações no país deve ser visto com cautela", alerta o gestor de um banco estrangeiro que prefere não ser identificado.

Ele explica que ocorreu uma realocação de recursos externos no mercado, especialmente de ações.

"É fato que os negócios com ações foram afetados pelo temor com as carteiras de crédito imobiliário nos Estados Unidos e maior cautela dos investidores na avaliação de riscos, mas o apetite dos estrangeiros pela oferta inicial de ações (IPO) em julho foi grande. Esse dado ainda não foi incorporado às estatísticas oficiais."

No ano, confirmam dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ocorreram 40 IPOs, responsáveis pelo levantamento de aproximadamente R$ 37 bilhões pelas empresas, ante pouco mais de R$ 31 bilhões em 2006 inteiro.

Outras 15 companhias estão com pedido de registro de oferta na CVM.

Sem reversão no horizonte

Luis Cezário, do HSBC, atenua as oscilações das contas externas no curto prazo lembrando que em prazos mais longos a evolução dos dados é absolutamente favorável.

"A percepção de risco vem melhorando e por fatores estruturais. E avançaremos ainda mais porque os choques positivos estão se prolongando. A balança comercial continua apresentando saldos expressivos. O movimento deve continuar, no mínimo enquanto durar a alta das commodities no mercado internacional."

O economista vê fluxos de dólares para o país em "magnitude elevada e com forte impacto sobre o balanço de pagamentos".

Cezário entende que um movimento de reversão pode ser cogitado, mas para daqui um ano ou mais.

"Trabalhamos com taxa de câmbio de R$ 1,85 por dólar no final de 2007 e R$ 1,95 em dezembro de 2008, mas, dado o cenário que persiste, essas taxas podem ser menores", comenta.

Cálculo além da percepção Os indicadores de solvência do país mostram resultados positivos, que transcendem opiniões por serem calculados a partir da evolução de dados muito positivos.

A variação do Produto Interno Bruto (PIB), as exportações (ou superávit comercial) e as reservas internacionais são as principais referências para os cálculos de solvência.

A mudança na metodologia de apuração do PIB ampliou a taxa de expansão; a estimativa do saldo comercial para 2007, de US$ 35,5 bilhões em junho do ano passado, superou US$ 42 bilhões em junho deste ano; as reservas internacionais saltaram de US$ 62,7 bilhões para US$ 147,1 bilhões no mesmo período.

Resultado: o indicador de serviço da dívida externa sobre as exportações despencou de 61,2% em junho de 2006 para 35,5% em junho deste ano; o serviço da dívida sobre o PIB caiu de 7,9% para 4,6% no mesmo período; e as reservas internacionais sobre o serviço da dívida subiram de 0,8 para 2,8 vezes.





Fonte: Estadão

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