RSF critica pena de morte contra jornalistas no Irã

A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) chamou hoje de "escandalosas" e "vergonhosas" as penas de morte ditadas no dia 16 contra dois jornalistas no Curdistão iraniano, e pediu que a comunidade internacional evite que eles sejam executados.

A RSF pede aos países para exigir que o Irã volte atrás na decisão e "não execute dois homens que não fizeram mais do que exercer seu direito de informar seus concidadãos".

"O Irã está se transformando em uma das maiores prisões do mundo para os profissionais da informação", ressaltou comunicado na organização.

A ONG disse que as sentenças de morte contra Adnan Hassanpour e Abdolvahed "Hiva" Botimar mostram o pouco respeito de Teerã pelos direitos humanos. Segundo a entidade, as decisões indicam, ainda, a vontade do regime iraniano "de fazer calar, por todos os meios, os jornalistas mais críticos e os defensores de direitos humanos".

Hassanpour cobria a questão do Curdistão iraniano na revista "Asou", proibida desde agosto de 2005, e Botimar também colaborava na publicação. Eles foram condenados no dia 15 pelo Tribunal da Revolução de Marivan, no Curdistão iraniano.

Os juízes da cidade, que julgaram os jornalistas a portas fechadas, consideraram Hassanpour culpado de "atividades subversivas contra a segurança nacional" e de "espionagem".

Durante o processo, entrevistas que o jornalista tinha concedido a meios de comunicação estrangeiros, a rádio "Voice of America", foram utilizadas como prova contra ele.

Segundo seus familiares e um dos advogados, Hassanpour foi levado, na quarta-feira, à prisão de Sanandaj.

A RSF alertou também sobre a prisão, no sábado, de outro jornalista, Ako Kurdnasab. Ele foi preso por agentes dos serviços de informação, na sede da revista "Karfto", em Sanandaj, a capital do Curdistão iraniano.

Kurdnasab foi levado à prisão do Ministério de Informação, mas são desconhecidas as acusações contra ele.

Com este, são oito os jornalistas presos no Irã. Segundo os registros da RSF, isso faz do país um dos dez "mais repressivos em matéria de liberdade de imprensa".