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Internacional
Segunda - 23 de Julho de 2007 às 08:00

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Buenos Aires - Um dos editoriais do jornal argentino La Nación de hoje está dedicado ao Brasil e à inevitável comparação com a Argentina. "Nos últimos meses se verificou uma série muito eloqüente de indícios que caracterizam o Brasil como um líder regional, condição que lhe é reconhecida por um consenso internacional muito amplo", introduz o texto.

Em seguida, afirma que é saudável para a Argentina observar e refletir sobre esse fato. "Não só porque a vida do país (Argentina) está entrelaçada com a brasileira em muitos aspectos, começando por pertencer ao um mesmo bloco, o Mercosul. Também porque nesse progresso do Brasil pode haver lições enriquecedoras para a Argentina."

O editorial ressalta que as declarações de líderes internacionais que destacam o Brasil como o país mais importante da região "são cada dia mais freqüentes, tanto nos Estados Unidos como na Europa".

Relação com as potências

Também lembra que George W. Bush deu "um tratamento privilegiado" ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, convidando-o à sua residência de Camp David e visitando-o em São Paulo. "Os funcionários do mais alto escalão do governo norte-americano se expressam e conduzem nessa linha de ação, reconhecendo no Brasil o seu aliado mais importante na América do Sul", afirma.

O texto destaca que a União Européia "se move no mesmo sentido", assim como na Organização Mundial de Comércio ou no Grupo dos 20, "o principal sócio da Argentina é reconhecido como um ator global e o mesmo ocorre no Grupo dos 8, onde o Brasil é convidado de maneira sistemática para participar de suas reuniões junto com China, Índia e África do Sul".

La Nación lembra que os investimentos estrangeiros fluem para o Brasil de "maneira chamativa: com mais de US$ 20 bi por ano, é o terceiro destino depois de China e Índia". Recorda que o Brasil está à beira de conseguir o status de "investment grade" e que será o terceiro país na América Latina, depois do México e Chile, a alcançar essa nota.

"Em seu segundo e último período presidencial, Lula não aposta na sedução, mas na criatividade. O demonstra sua agenda, focada no futuro com planos para jovens e, sobretudo, com a possibilidade de que Brasil dê um salto qualitativo e quantitativo com a produção de biocombustível, de comum acordo com os Estados Unidos", ressalta.

O jornal opina que, se trata, "em princípio, de uma forma de marcar distância de Venezuela, quinto exportador mundial de petróleo, e do regime de Hugo Chávez". Esta circunstância, continua, vista do exterior, marca uma distância crucial entre Lula e seu colega Néstor Kirchner, "mais comprometido com Chávez por suas compras de bônus argentinos e outros favores".

Vôo 3054

Mas nem tudo é elogio. O jornal utilizou o trágico desastre aéreo com o vôo da TAM para marcar o longo caminho que falta percorrer para chegar ao nível de modernização dos países desenvolvidos. "Basta conhecer as razões do trágico acidente aéreo de São Paulo, ocorrido na última terça-feira para tomar nota dos bolsões de subdesenvolvimento, ineficiência e corrupção que ainda se resistem a desaparecer no Brasil".



No entanto, "há muitos movimentos virtuosos da vida pública brasileira que não podem ser deixados de lado ao examinar esse fenômeno de reconhecimento externo. São lições para os vizinhos, especialmente para a Argentina". Entre elas, destaca o nível de solidez institucional nos três Poderes, os quais possuem "dinamismo e autonomia bastante aceitáveis".

Elogia as "metas prudentes do Banco Central" e "às leis que garantem níveis de transparência institucional dignos, como por exemplo: o fato de que a organização das eleições não esteja em mãos do Poder Executivo (como na Argentina) e à proibição constitucional de incluir nos cargos eletivos os familiares do titular de um poder, seja federal, estadual ou municipal". Na Argentina, o Presidente Néstor Kirchner escolheu sua mulher, a senadora Cristina, para ser a candidata à sua sucessão.

O La Nación ainda elogia o "entrançado social, de empresários, sindicatos e líderes de opinião da sociedade civil, dotado de consciência política e predisposto a intervir na discussão dos problemas do país. Essa sociedade civil articulada, que exibe uma relativa autonomia em relação ao Estado e seu governo, é uma das vigas mestras da solidez brasileira".

Para completar lança uma última crítica indireta ao governo de Kirchner, amplamente condenado por políticas de curto prazo. "Estas condições tornam possível que o país irmão formule um programa de longo prazo. Não há desenvolvimento sem políticas de longo prazo e, essas políticas são impossíveis de formular sem um consenso mínimo da sociedade".

O texto termina indicando que "os dirigentes brasileiros, seus governos fogem de falar de supremacia. Os fatores que estimulavam uma concorrência com a Argentina estão muito atenuados. Mas é inocultável que Brasil exerce uma liderança regional. Uma liderança tácita que, nos últimos anos, se afiançado diante da falta de uma política exterior de nosso país".




Fonte: AE

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