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Sexta - 20 de Julho de 2007 às 09:25

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No sábado (21) - e nesta sexta-feira, às 20h, no Brasil - leitores de todo o mundo vão conhecer o destino do aprendiz de bruxo com o lançamento de "Harry Potter and the deathly hallows", sétimo e último livro da série de fantasia de J.K. Rowling. Harry vai derrotar seu arquiinimigo, Lord Voldemort, e restaurar a ordem no mundo da magia? Ou vai morrer tentando, como temem muitos fãs - e como Rowling, uma expert em atiçar os leitores, já sugeriu?

"A história de Harry chega a um fim definitivo no sétimo livro". Isso é tudo o que a escritora diz alguns dias antes da publicação, enquanto serve chá e bolo caseiro em sua confortável residência em Edimburgo. Escrever as últimas palavras da saga foi como "sentir a perda de um ente querido".

Então será mesmo a última vez que veremos os professores e alunos da escola de Hogwarts? "O mundo é tão grande que haverá espaço para fazer outras coisas", afirma Rowling cautelosamente. "Eu não planejo fazer isso agora, mas também não vou dizer que nunca mais o farei."

Com a aparência tranqüila, vestindo jeans e um suéter, cabelos loiros cortados na altura dos ombros, Rowling tem sentimentos confusos sobre abandonar o personagem que criou enquanto viajava de trem pela Inglaterra em 1990: um órfão quatro-olhos, negligenciado, que descobre em seu aniversário de 11 anos ser um mago.

A escritora tem aproveitado a ausência de pressão em criar um novo episódio para as aventuras de Harry para focar-se em viver uma vida normal com o marido e seus três filhos. Mas após terminar o último livro, "eu me senti péssima durante uma semana". "Os primeiros dois dias, em particular, era como se tivesse perdido alguém querido, ainda que me sentisse feliz com o livro. E, depois de uma semana, as nuvens desapareceram e eu me senti aliviada", diz. "Chegar ao fim é doloroso porque os livros estiveram tão ligados à minha vida que é quase impossível não olhar para trás e ver onde eu comecei."

Só uma vez na vida

A jornada foi extraordinária. Quando Rowling criou Harry Potter, estava lutando para sobreviver como mãe solteira, escrevendo em cafés para economizar na conta da calefação em casa. Agora, aos 41 anos, ela é a mulher mais rica na Grã Bretanha - dona de uma fortuna de US$ 1 bilhão, segundo a revista "Forbes" - com propriedades em Edimburgo, Londres e na zona rural escocesa.

Seu primeiro livro, "Harry Potter e a pedra filosofal", foi publicado em 1997, com uma tiragem de menos de mil exemplares. O editor de Rowling sugeriu que ela adotasse as iniciais em vez do primeiro nome, Joanne, para conquistar maior credibilidade entre os garotos. Como não tinha um sobrenome do meio, ela emprestou a letra K de sua avó materna, Kathleen, e se tornou J.K. Rowling.

No momento em que o livro apareceu nos Estados Unidos, em 1998, Harry já estava prestes a se tornar uma fenômeno editorial. Os seis livros de Potter venderam 325 milhões de cópias em 64 línguas, incluindo latim e grego antigo. "Deathly hallows" - que será traduzido como "Relíquias da morte" no Brasil - tem tiragem inicial de 12 milhões de cópias só nos Estados Unidos, sendo que 2 milhões delas já foram encomendadas na livraria virtual Amazon.

AP

Ilustração do Castelo de Hogwarts que será construído em parque de Orlando (Foto: AP)Os romances deram origem a cinco filmes, montes de brinquedos, uma porção de sites de fãs na internet e muitos livros de referência - de estudos acadêmicos a paródias e obras de psicologia pop. Um parque temático, com direito a castelo e floresta, será inaugurado em Orlando, na Flórida, em 2009.

O lançamento de cada novo livro é agora acompanhado de esquemas militares de segurança. Nenhum livro - ou, melhor, quase nenhum - será vendido antes do primeiro minuto do sábado.

O sucesso da série é algo que acontece "uma vez na vida", segundo Joel Rickett, editor da revista especializada no ramo editorial "The Bookseller". "Trouxe uma nova geração de leitores - crianças que mergulharam em pesados livros de capa dura de um modo que jamais teriam feito", afirma.

A morte ronda

Ainda que alguns críticos tenham desdenhado os livros como diversão infantil superficial, outros se impressionaram com sua complexidade moral e tom sombrio. A morte persegue Harry Potter, que se tornou órfão com 1 ano de idade quando Voldemort matou seus pais. Ele perde seu padrinho, Sirius Black no quinto livro e seu amado mentor, Dumbledore, no sexto. Não é de se espantar, portanto, que os fãs temam agora pelo futuro de Harry.

A própria Rowling foi profundamente afetada pela morte de sua mãe em decorrência de esclerose múltipla em 1990, aos 45 anos. "Minha mãe morreu quando fazia seis meses que eu tinha começado a escrever (os livros), e penso que isso ajudou a definir o tema central - um garoto que tem de lidar com a perda", afirma Rowling.

E ela não se desculpa por expor crianças à morte. "Acredito que as crianças se assustem bastante com esse tipo de coisa mesmo que nunca tenham vivido algo parecido. Mas penso que a forma de lidar com isso é encarando de frente", defende. "Eu acredito, como escritora e mãe, que a solução é não fingir que as coisas não acontecem, mas examiná-las de um modo passional e seguro."

Rowling costuma dizer que o seu sucesso é "a experiência de uma vida". Mas a fama também trouxe um nível intenso de pressão, acusações e críticas. Nos Estados Unidos, suas leituras públicas atraem milhares de crianças histéricas, mas também ameaças de morte. Alguns cristãos pediram a proibição dos livros, alegando que promovem a bruxaria.

Mas só agora ela percebe o quão intensa era a pressão no centro do furacão de Harry Potter. "Eu era muito sozinha no meio disso tudo. Não é como estar em uma banda pop, em que pelos menos outras três ou quatro pessoas sabem como é estar no seu lugar. Só eu sabia como era criar este mundo que se tornava maior, maior e maior e atraía a atenção de cada vez mais pessoas."

Depois de produzir um livro por ano entre 1997 e 2000, Rowling deu um tempo. Houve um vácuo de três anos entre o quarto livro, "Harry Potter e o cálice de fogo", e o quinto, "Harry Potter e a Ordem da Fênix", publicado em 2003. Nesse período, Rowling conheceu e se casou com o médico escocês Neil Murray. Eles vivem em Edimburgo com seus filhos David, 4, e Mackenzie, 2, além de Jessica, filha do primeiro casamento de Rowling com um jornalista português.

Rowling parece agora ter se reconciliado com seu sucesso. Ela diz viver uma vida normal e que é raramente reconhecida nas ruas, ainda que sua casa na cidade seja protegida por uma muralha de cerca de 2,5m de altura com portões de aço. Como toda a vizinhança - um enclave literário onde vivem também os escritores Ian Rankin e Alexandre McCall Smith -, a mansão transpira riqueza, mas não extravagância.

O gramado modesto tem uma trave de futebol e uma caixa de plástico colorida com brinquedos infantis. Na aconchegante sala da família estão estantes cheias de livros, um aquário, álbuns de fotografia e jogos de tabuleiro - a mobília de uma família de classe média qualquer.

Rowling prevê que alguns fãs de Harry não gostarão de "Relíquias da morte". Mas ela se diz orgulhosa. "O livro final é como sempre teve de ser, então me sinto em paz com esse fato", afirma.

Sobre o futuro, ela diz não ter planos. "Nunca poderei escrever algo tão popular outra vez", diz ela. "Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Farei exatamente o que fiz com Harry - vou escrever o que eu realmente estiver a fim de escrever, e se for algo parecido, tudo bem, se for diferente, tudo bem também. Quero apenas me apaixonar por uma idéia outra vez, e poder mergulhar nela."




Fonte: G1

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