Dinamarca acolhe iraquianos em operação secreta

São Paulo - Cerca de 200 iraquianos foram enviados secretamente à Dinamarca esta semana, onde darão entrada em pedidos de asilo para recomeçar uma nova vida longe da guerra.

Os iraquianos, que partiram acompanhados das famílias, prestaram serviços de tradução, entre outros, aos soldados dinamarqueses em Basra, no sul do Iraque, durante a operação das tropas dinamarquesa no país.

Os 480 soldados dinamarqueses no Iraque serão enviados de volta para casa a partir do mês que vem.

O comandante Nils Markussen, porta-voz do exército dinamarquês, disse que a iniciativa partiu dos próprios soldados que temiam que, com a retirada das tropas, seus colaboradores iraquianos sofressem represálias das milícias que lutam contra a ocupação ocidental no Iraque.

"Queremos demonstrar que nos importamos com as pessoas que nos ajudaram com atividades que a partir de agora poderão colocá-las em perigo", disse Markussen.

O último dos três aviões transportando os iraquianos deixou Basra na manhã desta sexta-feira. O Hércules C-130 teria como destino um local não divulgado, onde os passageiros seriam transferidos para um jato civil.

Os dois primeiros vôos foram realizados durante esta semana em sigilo.

O comandante dinamarquês ainda disse que acredita que outros países com tropas no Iraque já realizaram operações semelhantes.

No ano passado, a Suécia recebeu 8.950 pedidos de asilo de iraquianos, quase metade dos 22.200 que foram encaminhados aos países europeus.

O ministro da Imigração sueco, Tobias Billstroem, chegou a pedir, em abril, que outros países europeus também assumissem um pouco da responsabilidade de oferecer proteção aos refugiados iraquianos.

Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha têm sido relutantes em aceitar um grande número de refugiados em seus países.

A Grã-Bretanha recebeu apenas 1.305 pedidos de asilo de iraquianos no ano passado, de acordo com dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

Em maio, as autoridades americanas disseram que o país estaria disposto a receber até 7 mil refugiados em 2007, depois de serem criticadas por terem acolhido somente 202 no ano passado.

Estima-se que cerca de 2 milhões de iraquianos se encontram refugiados na Síria.