Cobertura de acidente mostra Globo engessada e Band na frente
A Band saiu na frente. Experientes, Ricardo Boechat e Joelmir Beting comandaram a cobertura no "Jornal da Band", que pegou a bola do "Brasil Urgente". Sem intervalos, o jornalístico liderado pela dupla teve relatos de testemunhas e informações atualizadas sobre o resgate, antecipando o quadro que depois outras emissoras consolidariam. Cometeu erros, claro. Mas todas cometeram.
De Brasília, Fábio Pannunzio foi o primeiro a constatar: "É notória a desarticulação do governo". Uma hora e meia após o acidente, nenhum órgão ou pasta tinha representantes para fornecer uma declaração. Exceto a Infraero, que só desinformou.
E a Band teve Eleonora Paschoal. A jornalista mostrou o valor da tarimba e da competência em episódios desse porte. Entrou diversas vezes no ar, informou, se emocionou. Sua equipe foi a primeira a mostrar o corpo de uma vítima (devidamente coberta), provavelmente do edifício da TAM Express --depois, as outras emissoras também exibiram imagens de corpos (afinal, neste caso, não há acidente sem vítimas). De longe, a melhor repórter da cobertura. Luciano Jr. também fez bonito.
Enquanto isso, na Globo, "Sete Pecados" mostrava as artimanhas de Beatriz (Priscila Fantin).
Assim como a Band, a Record optou pela cobertura especial em seus telejornais. Mas, cautelosa em excesso, levava ao público informações já frias em relação à emissora do Morumbi. Ficou atrás e chegou à incoerência de não dizer "TAM" (segundo Reinaldo Bottino, "uma empresa aérea"), a despeito do logotipo brilhante em meio ao fogo nas imagens ao vivo. O jornalista levou 20 minutos, ao vivo, para finalmente dizer o nome da empresa --o que fez apenas uma vez (contra as 15 em que usou termos como "uma companhia aérea" e "uma empresa"). A emissora, como a Band, deu o número do vôo errado (5018, em vez de 3054), corrigindo-o minutos depois.
A Globo, que optou por flashes antes do "Jornal Nacional", após as 20h30, pareceu ter se esquecido de possuir a maior e melhor infra-estrutura jornalística (incluindo pessoal) do país. A "cobertura completa" do "JN" chegou atrasada, quase sem novidades e com um show de inabilidade. Ah, teve o Pan.
Rodrigo Boccardi, cuja tensão evidenciou o cacoete da fala aos socos, nada trouxe do local do acidente. Fernando Rocha, em sua primeira entrada ao vivo, destacou o desimportante: "Nem o helicóptero do governador José Serra pôde pousar em Congonhas". Depois, com as labaredas consumindo o galpão da companhia: "A estrutura do edifício está condenada".
William Bonner, procurando rumo, se perdeu na ancoragem. Evidenciou a falta de jogo de cintura na cobertura sem texto pronto. Em meio à comoção geral, disparou um "se espatifou" para descrever o acidente com o avião. Combinou com o texto informativo ao fim do primeiro bloco, que fornecia na tela do "JN" não o telefone de informações para os familiares dos passageiros do vôo, mas para os "parentes das vítimas". Ainda não havia confirmação de mortos.
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