Estudo diz que 27% saíram da pobreza no Brasil
A pesquisa utilizou dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 1993 a 2003 e dividiu a população urbana adulta em 180 grupos, de acordo com o ano de nascimento, sexo, cor, escolaridade e região de domicílio.
"A pobreza se tornou um fenômeno essencialmente urbano e metropolitano, em parte devido ao êxodo rural. No fim da década de 90, 78% dos pobres do Brasil estavam em áreas urbanas", diz o relatório, assinado pelos pesquisadores Rafael Perez Ribas, do Centro Internacional de Pobreza, e Ana Flávia Machado, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O estudo estabelece as diferenças entre pobreza transitória e crônica. Para os autores, a pobreza transitória caracteriza-se essencialmente por um "problema de renda temporário", quando, por exemplo, há desemprego na família. Nesse caso, a condição de pobreza pode ser revertida em um curto período de tempo.
Já a pobreza crônica pode ser definida "por uma situação de desemprego mais duradoura, que ultrapassa dois anos". Os pesquisadores, no entanto, afirmam que a situação de pobreza crônica no Brasil se dá pela "dependência", acima de tudo.
"Durante este período (1993-2003), constatamos que 73% da pobreza no Brasil era crônica. Esta grande proporção se deve, principalmente, a um estado de dependência, ou seja, pessoas pobres, que continuam pobres porque têm um passado pobre independentemente de suas características pessoais."
Os autores observam que entre os mais propensos à pobreza crônica estão "os não-brancos, menos escolarizados, residentes da região Nordeste e trabalhadores informais". Por sua vez, a pobreza transitória atinge mais as mulheres que chefiam domicílios e os lares chefiados por desempregados. Segundo o relatório, tanto a pobreza transitória e como a crônica estariam ligadas ao nível de escolaridade.
"A pobreza transitória é observada entre os indivíduos com muito pouco ou nenhum nível de escolaridade. Isso se explica porque esses grupos estão mais suscetíveis às crises do mercado de trabalho do que as que estudaram mais tempo", diz o estudo.
Para reverter a situação, os autores sugerem "aliar políticas de formação de capital humano e acesso a serviços públicos combinados com programas destinados a reduzir desigualdades na distribuição de renda das famílias".
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