Idoso é espancado após acidente de carro em SP
A agressão aconteceu na manhã de sábado (14), após o Palio guiado por Luciano Marques Ferreira colidir com o microônibus de Rangel.
Irritado com a batida, o jovem saiu aos gritos do carro, de acordo com vizinhos, e exigiu do motorista reparações pelo estrago --a traseira do carro ficou amassada. Rangel afirmou não ter culpa pelo acidente e iniciou um bate-boca.
Ainda de acordo com testemunhas ouvidas pela reportagem no local do acidente, Ferreira estava alterado, gritava com Rangel, chamando-o de "velho maldito" e, com a ajuda de Kléber Cristiano da Silva, 22, que vinha no banco de trás, desferiu contra ele dois socos nos olhos e um na boca.
Rangel caiu desmaiado após sofrer os golpes. Na esquina de sua casa, onde a briga foi iniciada, uma poça de sangue se formou."Pedíamos para eles pararem porque achávamos que o seu Rangel já tinha morrido. Ele estava no chão e não reagia. Tentamos socorrer e ficamos todos cheios de sangue também", contou a vizinha Débora Ferraz dos Santos, 34.
Segundo ela, os jovens eram "altos, fortes e usavam bonés e jaquetas escuras". "Eram uns malandrões."
Uma testemunha anotou a placa do carro, antes de ele sair em disparada depois de a polícia ser acionada. Os dois foram encontrados ainda no sábado e prestaram depoimento.
Com cortes na boca, na língua e com hematomas no rosto, Rangel foi levado ao Hospital Regional de Sorocaba, onde continua internado.
Segundo familiares, Rangel estava com a dentadura na boca quando sofreu os golpes, o que provocou os cortes. A agressão, de acordo com a família, causou traumatismo craniano e afundamento da face. A versão não foi confirmada pelo hospital, que se limitou a informar que o estado de saúde dele era estável e que ele estava "fora de perigo". Não há previsão de alta.
A vizinha Débora disse que lavava o quintal de casa, no sábado de manhã, quando viu o Palio cruzar a rua em alta velocidade. Segundo ela, os gritos dos jovens chamaram a atenção da vizinhança.
"Acho que eles estavam voltando de alguma festa, porque uma menina que estava no banco de trás estava toda emperiquitada, com o rosto pintado."
Rangel, que fez aniversário no domingo, só conseguiu voltar a se alimentar hoje. Segundo Eliana Rangel, uma das filhas, ele tomou um iogurte, um copo de leite com café e sopa. Antes, só podia se alimentar por meio de sonda.
Segundo a filha, Rangel está com o rosto deformado e deve ainda passar cirurgia plástica. "Ele só chora o tempo todo."
À noite, peritos do IML (Instituto Médico Legal) deveriam fazer um exame de corpo de delito para apurar se Rangel fora vítima de lesão corporal grave. Após o laudo, a Polícia Civil vai instaurar o inquérito. Caso sejam condenados, os agressores estarão sujeitos a uma pena de até oito anos de prisão.
Ferreira não foi detido porque, segundo a polícia, não houve flagrante da agressão. Ele dirigia sem carteira de habilitação.
"O que podemos dizer é que houve uma grande desproporção de força nessa briga", disse o delegado Mário Pavoni. Ele comparou o caso à agressão sofrida por uma empregada doméstica no último dia 23, no Rio de Janeiro.
À polícia Ferreira afirmou que deu apenas um soco em Rangel após o motorista investir contra ele e machucar seu dedo. Já Kléber Silva negou à polícia que o carro estivesse em alta velocidade e que tenha participado das agressões. A reportagem tentou conversar com Ferreira e com o outro passageiro nos telefones que constavam do Boletim de Ocorrência, mas foi informada que os dois não moravam nos locais. A polícia também não informou se eles têm advogado.
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