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Nacional
Terça - 17 de Julho de 2007 às 07:06
Por: Matheus Pichonelli

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Na véspera de completar 67 anos, o motorista Jaime Augusto Rangel foi espancado por um jovem de 26 após se envolver em um acidente de trânsito na esquina de sua casa, em Sorocaba (100 km de São Paulo).

A agressão aconteceu na manhã de sábado (14), após o Palio guiado por Luciano Marques Ferreira colidir com o microônibus de Rangel.

Irritado com a batida, o jovem saiu aos gritos do carro, de acordo com vizinhos, e exigiu do motorista reparações pelo estrago --a traseira do carro ficou amassada. Rangel afirmou não ter culpa pelo acidente e iniciou um bate-boca.

Ainda de acordo com testemunhas ouvidas pela reportagem no local do acidente, Ferreira estava alterado, gritava com Rangel, chamando-o de "velho maldito" e, com a ajuda de Kléber Cristiano da Silva, 22, que vinha no banco de trás, desferiu contra ele dois socos nos olhos e um na boca.

Rangel caiu desmaiado após sofrer os golpes. Na esquina de sua casa, onde a briga foi iniciada, uma poça de sangue se formou."Pedíamos para eles pararem porque achávamos que o seu Rangel já tinha morrido. Ele estava no chão e não reagia. Tentamos socorrer e ficamos todos cheios de sangue também", contou a vizinha Débora Ferraz dos Santos, 34.

Segundo ela, os jovens eram "altos, fortes e usavam bonés e jaquetas escuras". "Eram uns malandrões."

Uma testemunha anotou a placa do carro, antes de ele sair em disparada depois de a polícia ser acionada. Os dois foram encontrados ainda no sábado e prestaram depoimento.

Com cortes na boca, na língua e com hematomas no rosto, Rangel foi levado ao Hospital Regional de Sorocaba, onde continua internado.

Segundo familiares, Rangel estava com a dentadura na boca quando sofreu os golpes, o que provocou os cortes. A agressão, de acordo com a família, causou traumatismo craniano e afundamento da face. A versão não foi confirmada pelo hospital, que se limitou a informar que o estado de saúde dele era estável e que ele estava "fora de perigo". Não há previsão de alta.

A vizinha Débora disse que lavava o quintal de casa, no sábado de manhã, quando viu o Palio cruzar a rua em alta velocidade. Segundo ela, os gritos dos jovens chamaram a atenção da vizinhança.

"Acho que eles estavam voltando de alguma festa, porque uma menina que estava no banco de trás estava toda emperiquitada, com o rosto pintado."

Rangel, que fez aniversário no domingo, só conseguiu voltar a se alimentar hoje. Segundo Eliana Rangel, uma das filhas, ele tomou um iogurte, um copo de leite com café e sopa. Antes, só podia se alimentar por meio de sonda.

Segundo a filha, Rangel está com o rosto deformado e deve ainda passar cirurgia plástica. "Ele só chora o tempo todo."

À noite, peritos do IML (Instituto Médico Legal) deveriam fazer um exame de corpo de delito para apurar se Rangel fora vítima de lesão corporal grave. Após o laudo, a Polícia Civil vai instaurar o inquérito. Caso sejam condenados, os agressores estarão sujeitos a uma pena de até oito anos de prisão.

Ferreira não foi detido porque, segundo a polícia, não houve flagrante da agressão. Ele dirigia sem carteira de habilitação.

"O que podemos dizer é que houve uma grande desproporção de força nessa briga", disse o delegado Mário Pavoni. Ele comparou o caso à agressão sofrida por uma empregada doméstica no último dia 23, no Rio de Janeiro.

À polícia Ferreira afirmou que deu apenas um soco em Rangel após o motorista investir contra ele e machucar seu dedo. Já Kléber Silva negou à polícia que o carro estivesse em alta velocidade e que tenha participado das agressões. A reportagem tentou conversar com Ferreira e com o outro passageiro nos telefones que constavam do Boletim de Ocorrência, mas foi informada que os dois não moravam nos locais. A polícia também não informou se eles têm advogado.





Fonte: Agência Folha

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