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Internacional
Quarta - 11 de Julho de 2007 às 19:22

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Nova Délhi - Arigit Sengupta, gerente de um hotel em Bangalore, jura que jamais usará o cartão de crédito de novo. Depois de gastar 30 mil rupias (cerca de R$ 1.400) no cartão de crédito e efetuar o pagamento mínimo no prazo, ele contou que acabou devendo ao banco mais de três vezes essa quantia. "Nem mesmo um perito contador seria capaz de entender o tipo de juros que eles cobram", declarou ele.

Os bancos nacionais e estrangeiros estão vendendo agressivamente contas de cartão de crédito na Índia. Isso porque a classe média do país está em rápido crescimento e com renda disponível para gastar. A Índia, assim como outros mercados emergentes, também é interessante porque os consumidores do ocidente já estão sobrecarregados em dívidas.

No entanto, conquistar o consumidor indiano com o dinheiro de plástico é mais difícil do que se poderia esperar. Após anos de vendas ruins, existem menos de quatro cartões de crédito ativos para cada cem adultos indianos, um dos índices mais baixos do mundo. Além disso, cresce um sentimento de hostilidade em relação aos cartões de crédito no país.

Aversão

Eles se tornaram alvos de críticas ferrenhas e explícitas de usuários, do governo e de defensores dos consumidores, que reclamam de taxas injustas, encargos e péssimo atendimento ao cliente - isso vindo do país que é a "meca" dos serviços de atendimento ao consumidor em língua inglesa.

Os jornais costumam publicar matérias informando aos consumidores como cancelar o cartão de crédito. Muitos titulares de cartões abandonaram suas contas depois de serem obrigados a arcar com despesas que consideram impróprias.

"Esses bancos estão enganando o público", queixa-se C.V. Gidappa, coordenador da Associação de Titulares de Cartões de Crédito da Índia, grupo nacional de defesa do consumidor. A organização de Gidappa, que estima que os consumidores indianos estejam pagando 16,4 milhões de rúpias por dia em encargos indevidos, reivindica uma "Índia livre de dívidas" até 2020.

Taxas e encargos

As taxas e encargos são inconvenientes para usuários de cartão de crédito no mundo inteiro, mas os consumidores indianos têm motivos de sobra para reclamar mais: as taxas de juros, em média, ultrapassam 30%, podendo subir para mais de 50%, enquanto os encargos adicionais por pagamentos em atraso podem atingir o elevadíssimo percentual de 20% do valor total devido.

O órgão governamental indiano de controle do comércio, a Comissão de Práticas Comerciais Restritivas e Monopólios, iniciou uma investigação nas práticas de venda de cartão de bancos como Citigroup e HSBC. Esses bancos têm práticas comerciais injustas e que podem causar danos ao consumidor, segundo o governo indiano.

A comissão tem autoridade para multar empresas e restringir suas transações comerciais. Todos os bancos envolvidos afirmam que seguem todas as devidas práticas comerciais e que agem em conformidade com as solicitações de informações do órgão.

'Fim das dívidas'

Alguns usuários insatisfeitos simplesmente pararam de pagar as contas. Cerca de uma em dez contas de cartão de crédito na Índia entra na categoria de "recebimento duvidoso", como estimam os bancos daqui, ou ficam tão atrasadas que já nem se espera mais que chegarão a ser pagas. Essa proporção nos Estados Unidos é de 1 em 25, segundo dados do Standard & Poor.

"Minha dívida nunca chegou ao fim", declarou o tomador de empréstimos, V.P. Ullas, gerente de uma empresa financeira que havia debitado cerca de 15 mil rupias em compras de roupas e móveis em seu cartão de crédito do Citigroup. Ele se recusa a dar mais dinheiro ao banco, como ele conta, depois de ver a dívida subir para 100 mil rúpias em taxas e encargos e depois de já ter pago muitas vezes o preço da compra.

Ashesh Razdan e sua esposa Monika, moradores de Délhi que trabalham em empresas do ramo de TI e farmácia, respectivamente, estão brigando com o banco desde junho do ano passado por causa de uma cobrança de 17 mil rupias no cartão do HSBC, considerada fraudulenta pelo casal. Eles sempre pagaram as contas e o cartão integralmente e dentro do prazo, disse Razdan, mas após dezenas de faxes e ligações para o banco questionando a cobrança, eles deixaram a conta do HSBC vencer.





Fonte: G1

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