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Internacional
Terça - 10 de Julho de 2007 às 19:29

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Dez ex-comandantes do Exército sentaram hoje no banco dos réus para o início do julgamento contra militares por violações dos direitos humanos, o primeiro realizado na Argentina após a anulação da "lei do perdão" (2005).

Segundo fontes judiciais, o ex-comandante do Exército Cristino Nicolaides e outros nove militares são acusados pelo seqüestro e desaparecimento de 20 membros da guerrilha Montoneros, em 1980.

Desde que as leis de Obediência Devida e de Ponto Final foram anuladas até agora, só dois ex-policiais tinham sido julgados e condenados por delitos cometidos durante o regime militar (1976-1983).

Ambas as leis, que livraram mais de mil agentes da ditadura, foram abolidas em 2003 pelo Parlamento e dois anos depois foram anuladas pela Corte Suprema de Justiça.

Dezenove testemunhas devem comparecer diante do juiz federal Ariel Lijo durante as audiências nos tribunais argentinos.

Além do general Nicolaides, os coronéis Julio César Bellene, Jorge Luis Arias Duval, Pascual Oscar Guerrieri, Juan Carlos Gualco, Carlos Gustavo Fonte e Waldo Carmen Roldán também são acusados.

Em 1980, quando a guerrilha foi desarticulada na Argentina, os chefes dos Montoneros se refugiaram na Europa e criaram a "Operação Morcego". A idéia dos militantes era retornar ao país para desenvolver uma ofensiva contra o regime ditatorial.

Os guerrilheiros que retornaram foram divididos em dois grupos. O primeiro foi reagrupado a ex-militantes. O segundo tinha a missão de preparar atentados contra as autoridades. Os grupos foram aprisionados pelos militares e desde então continuam desaparecidos.

A exceção de alguns cadáveres encontrados.

A "contra-ofensiva" dos Montoneros pretendia "resistir à ditadura", disse Edgardo Bistock, um de seus antigos membros e atual secretário de Direitos Humanos da província de Buenos Aires. A declaração foi feita durante o julgamento, onde Edgardo foi a primeira testemunha.

Segundo Bistock, para "resistir ao Governo ilegal" era "possível" que os guerrilheiros tivessem previsto "a utilização de armas".

Os Montoneiros surgiram nos anos 70 como uma ala nacionalista e de esquerda do Partido Justicialista (peronista), atualmente no Governo. Após serem expulsos do partido, em 1974, aderiram à luta armada e cometeram múltiplos atos de violência.

Em 2003, os ex-chefes montoneros Rodolfo Perdia e Fernando Vaca Narvaja foram detidos por ordem de um juiz. Eles eram acusados de serem cúmplices do regime ditatorial, mas foram libertados após a anulação do processo.

Na quinta-feira passada começou o julgamento contra o ex-capelão da Polícia da província de Buenos Aires Christian Von Wernich, o primeiro realizado contra um sacerdote acusado por delitos de contra a humanidade cometidos durante o regime militar.

As vítimas do religioso começaram a testemunhar hoje. O ex-capelão é acusado de sete homicídios, 31 casos de torturas e 42 privações ilegais da liberdade.





Fonte: EFE

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