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Internacional
Terça - 10 de Julho de 2007 às 06:30

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WASHINGTON - George W. Bush disse manter "uma relação muito próxima com o presidente Lula" e acrescentou que o relacionamento entre os governos americano e brasileiro "melhorou muito". O líder americano também lembrou da parceria dos dois países na área de biocombustíveis, que, segundo ele, poderá auxiliar os vizinhos latino-americanos.

Os comentários do presidente dos Estados Unidos foram feitos nesta segunda-feira, na cidade de Alexandria, próxima à capital americana, durante o lançamento da Conferência das Américas, que conta com representantes de quase 150 organizações latino-americanas e de cem grupos americanos.

Trata-se de uma iniciativa do governo americano que visa firmar parcerias nas áreas de saúde e educação com organizações não-governamentais de países latino-americanos, entre eles o Brasil. O país foi representado no evento pelo jornalista Gilberto Dimenstein, presidente do projeto Associação Cidade Escola Aprendiz, que visa integrar comunidades e instituições de ensino.

Os EUA também se movem no campo diplomático. Destacados integrantes do governo americano farão um giro pela região nesta semana e passarão pelo Brasil: o subsecretário de Estado Nicholas Burns e o secretário do Tesouro, Henry Paulson.

Ainda que o nome do presidente da Venezuela não tenha sido mencionado na solenidade, analistas acreditam que as recentes ações da administração Bush visam ser um contraponto às iniciativas sociais feitas pelo presidente Hugo Chávez na América Latina.

Agenda

Na quarta-feira, Henry Paulson viaja a Brasília, onde deverá se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

A viagem de Paulson visa reforçar laços econômicos entre os Estados Unidos e os países da região. Durante sua passagem, o secretário deverá tratar de um programa financiado pela Corporação Financeira Internacional (IFC), o braço privado do Banco Mundial (Bird).

O projeto do IFC visa a dar incentivos a investimentos privados nos setores de energia, transporte e água, entre outros.

O programa contará com investimentos totais equivalentes a US$ 17,5 milhões. Os Estados Unidos deverão entrar com US$ 4,6 milhões, e o Brasil, com US$ 1,9 milhão.

O subsecretário Nicholas Burns visitará os mesmos países e deverá tratar de cooperação na área de biocombustíveis.

Em setembro, é a vez de Carlos Gutierrez, o secretário do Comércio americano, que participará, em Brasília, de um fórum de altos executivos. O objetivo do encontro, diz ele, é "expandir o comércio voltado para o Brasil e a partir do Brasil, com a participação do setor privado e de autoridades do governo".

Acordos comerciais

Além de ações no campo diplomático, Bush também vem pressionando o Congresso a aprovar acordos comerciais firmados com Peru, Panamá e Colômbia.

"Eu gostaria de ver o acordo com o Peru aprovado até o começo de agosto. Os membros do Congresso terão tempo suficiente para aprovar essa importante legislação, para que possamos dar um sinal claro à nossa vizinhança de que nós queremos que vocês sejam prósperos", disse o presidente.

Na opinião de Peter Hakim, presidente do instituto de pesquisas políticas baseado em Washington Inter-American Dialogue, Bush terá dificuldades em ver os acordos aprovados dentro do prazo esperado, em especial o tratado com a Colômbia. O Congresso quer que os colombianos dêem mostras claras de avanços na área de direitos humanos antes de referendar o tratado.

Para Hakim, as visitas oficiais à América Latina e a instalação da Conferência das Américas são iniciativas tímidas, "que não rendem manchetes de jornais" e que não são capazes de ofuscar ações similares feitas pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

Bush x Chávez

"Não há dúvidas de que a Casa Branca está ciente dos desconfortos causados por sua política em relação à América Latina, tanto em Washington como na própria região. Hugo Chávez mostrou a importância de uma agenda social para a região, com projetos de assistência financiados pelo petróleo, que causam impacto entre a população geral."

Mas Hakim acrescenta que o cancelamento da visita à América Latina que seria feita pelo secretário de Defesa, Robert Gates, nesta semana passa a "mensagem errada". O secretário desistiu da visita para acompanhar os projetos em tramitação no Congresso que devem impor a retirada das tropas americanas do Iraque.

"Isso passa a impressão de que a região fica em segundo plano em relação ao Iraque ou a outros grandes temas. E que os Estados Unidos não dão uma grande importância para a América Latina", afirma.

No entender do analista, um dos maiores obstáculos de Bush é o pouco tempo de que ele desfruta, com apenas um ano e meio de mandato pela frente.

"Ele não deverá ser capaz de estabelecer mudanças em sua política para a América Latina. É difícil lançar um novo programa em tão pouco tempo e em meio a tantas pressões. O máximo que conseguirá é lançar as bases para que o próximo presidente possa começar um projeto social voltado para a região."




Fonte: Estadão

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