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Nacional
Domingo - 08 de Julho de 2007 às 10:42

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Análises da psicóloga Débora Alessandra de Souza concluem que o medo expresso em desenhos feitos por crianças que moram em áreas de risco como o Sudão, Iraque, Faixa de Gaza, Colômbia, Haiti e Complexo do Alemão, no Rio, assemelham-se. Os desenhos deixam de lado as diferenças culturais e os motivos das guerras para universalizar, em cores e traços, o temor dos conflitos: a casa atingida por tiros, as ruas com tropas, o explosivo que detona ao atingir o solo e mata pessoas. Vítimas precoces da tragédia social, as crianças revelam um cotidiano de insegurança, sofrimento e convivência com a morte trágica. Apesar das semelhanças, os trabalhos das crianças do Alemão mostram sinais de esperança, ao contrário dos feitos por estrangeiros, conforme análise de psicóloga.

"Não importa qual é o conflito em questão. A criança sofre grandes prejuízos. Ela não tem como reagir racionalmente diante de situações de violência. Não procura culpados, ela sofre, tem medo, mas não tem voz", afirma o oficial de Proteção e Comunicação do Unicef (Fundo das Nações Unidas para Infância) no Rio, Jacques Schwarzstein.

É numa casa com gramado na entrada, telhas encaixadas perfeitamente, paredes lisas e ¿que não pegam tiro¿ que o estudante W., 13 anos, manifesta no papel o sonho de deixar o Alemão. No imaginário do garoto franzino, tímido e de olhar desconfiado, mágica poderia acabar com todas as armas e levar paz à favela. "Queremos morar numa casa melhor, que não fica na linha de risco", comenta sua irmã, V., de 11.

A realidade de W. tem semelhanças com a da palestina Ikhas, 9 anos. Quando desenha sobre sua vida na Faixa de Gaza, Oriente Médio, com os irmãos e pais, ela mergulha num cenário de violência, com homens armados, barricadas e helicópteros com atiradores, mas revela com um "x" sobre um quartel o desejo de mudança.

Os ataques no Sudão, na África, ficam estampados nas mostras gráficas. A representação do homem que chega a cavalo e atira é a realidade de como muitos crianças se tornaram órfãs e acabaram chegando sozinhas aos acampamentos. "A demonstração gráfica revela o medo da castração física e emocional, da falta de segurança e angústia diante dos ataques", comenta a psicóloga Débora Alessandra de Souza.

Para ela, nos desenhos do Haiti, é possível visualizar conflitos emocionais e dificuldade de contato com o mundo, desajuste social com o ambiente interno e externo e a necessidade de afastamento da guerra. A cidade que já foi a mais violenta do mundo, Medellín, na Colômbia, tem no olhar infantil a representação do perigo.





Fonte: O Dia

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