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Nacional
Domingo - 08 de Julho de 2007 às 07:53

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem plano de concluir a coleta de dados do Censo Agropecuário até o fim de julho, mas até agora só 53% das propriedades foram visitadas no Nordeste e essa é a região onde o trabalho está mais adiantado.

Na Bahia, os técnicos do IBGE se reúnem de manhã para decidir o roteiro. No mapa, o supervisor mostra as áreas a serem pesquisadas e distribui as tarefas.

Quando tudo está acertado, cada um segue o seu rumo e nós vamos acompanhar um pouco a rotina deles. José Renato Correia é técnico em contabilidade, mas trabalhava numa padaria como balconista. Se afastou para se dedicar à pesquisa do IBGE como recenseador.

Hoje ele vai trabalhar a 12 quilômetros da cidade e para não fazer todo o percurso a pé ele contratou o serviço de um motoboy.

Fomos para Aratuípe, Recôncavo Baiano. O município tem menos de dez mil habitantes. Tem muito gado nos pastos, mas a maioria da população rural vive da agricultura de subsistência e da produção dos dendezeiros.

Em épocas de chuva muitas estradas vicinais ficam intransitáveis. Nem de moto se consegue passar. Não tem jeito. Só resta pagar a viagem do motoboy.

“O IBGE me dá uma ajuda de custo para fazer o setor. Aí, eu tenho que economizar o máximo que eu posso para sobrar um dinheiro no final do mês. Eu ganho R$10,30 por cada visita. É bom dinheiro, mas você tem que adiantar o serviço porque o máximo que você faz durante o dia sobra algum dinheiro”, diz José Renato.

Segundo o IBGE, o Brasil tem cerca de 5,7 milhões de estabelecimentos agropecuários. Propriedades rurais com algum tipo de produção. Mais ou menos 900 desses estabelecimentos ficam em Aratuípe, um município pequeno, na lista dos menores da Bahia, mas isso não quer dizer facilidade no trabalho dos recenseadores, pelo contrário. Não é fácil acompanhar o ritmo dele.

“Para esse trabalho tem que ter preparo físico. O povo que mora nessa região não tem que subir e descer serra para chegar em casa. É que eu estou cortando caminho. Se for pelo caminho normal, vou levar duas ou três horas para chegar e para mim tempo é dinheiro", explica José.

Nenhuma propriedade pode ficar fora da coleta de dados. Numa propriedade de 30 hectares, Carlos Alberto dos Santos planta mandioca, mamão e banana. Cria uns porquinhos também e no quintal, umas 20 galinhas. Todas as informações são anotadas no pequeno computador fornecido pelo IBGE.

“Não utilizamos energia elétrica. Estamos precisando muito, mas até hoje não chegou aqui”, conta Carlos.

Deixamos Renato cumprindo a sua missão e fomos ao encontro do colega dele, Antonio Luiz Ribeiro, o outro recenseador que vimos saindo no começo da reportagem. O caminho de Luiz começa pelo rio Aratuípe. Uma hora de barco até a região onde ele vai trabalhar.

Lá o problema é a desconfiança. Dermival, por exemplo, nunca ouviu falar em censo agropecuário.




Fonte: G1

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