Energia no atacado é a mais cara desde 2002
Os próprios técnicos do setor consideram "estranho" o fato de os preços no atacado terem atingido o atual patamar, mesmo com os reservatórios das grandes hidrelétricas apresentando situação tranqüila. Na região Sudeste/Centro-Oeste os reservatórios estão com 81,8% da capacidade máxima de armazenamento, o mesmo nível observado no Nordeste. No Sul o porcentual de ocupação atinge 72,8%, o que, teoricamente, sinaliza tranqüilidade quanto ao fornecimento para os próximos dois anos.
Em entrevista coletiva à imprensa na terça-feira, quando comentou o Plano Decenal para o período 2007-2016, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, também manifestou sua surpresa com os níveis atuais de preços. Tolmasquim disse que o Centro de Pesquisas da Eletrobrás (Cepel) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que desenvolveram o software "New Wave", fizeram uma checagem nos dados e não encontraram nada errado. O "New Wave" é o sistema que calcula os preços no mercado atacadista e simula as probabilidades de seca para os próximos dois anos.
O presidente da CPFL Energia, Wilson Ferreira Júnior, em apresentação para analistas do mercado de capitais na quarta-feira, no Rio, também manifestou surpresa com os níveis atuais de preços. Segundo Ferreira, os preços atuais devem refletir alguma distorção de curto prazo e devem voltar ao normal "em breve". "Se continuar em patamares tão altos, alguma coisa está errada", comentou, quando indagado sobre a questão.
Os preços subiram em todas as regiões, registrando os mesmos patamares em três submercados (Sul, Sudeste/Centro-Oeste e Norte). No Nordeste, os preços ficaram ligeiramente abaixo, com tarifa de R$ 132,73 por MW/h. Há um ano, na segunda semana de julho, os preços no Nordeste estavam em torno de R$ 28,64 por MW/h, o que ilustra a drástica alteração nos últimos 12 meses. Nas demais regiões do País, o MW/h estava em R$ 89,05, conforme os dados da CCEE. (
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