Medo de bronca do COB faz atletas evitarem as entrevistas

RIO - Os jornalistas estranharam nesta sexta-feira, durante a inauguração do Estádio de Remo da Lagoa, quando começaram a ouvir dos atletas do remo - a delegação tem 32 integrantes - que não poderiam dar entrevistas sem ordem do chefe da equipe. Os atletas do remo estão com medo de falar. “É uma regra expressa de que para qualquer entrevista tem de falar com o presidente da Confederação Brasileira de Remo. Pede para ele porque isso dá até desligamento da equipe”, explicou a remadora Renata Gorgen, integrante da guarnição four skiff, seguindo o discurso de outros companheiros da seleção brasileira. No caso do remo, o chefe da equipe - uma função administrativa e técnica - é também o presidente da confederação, Rodney Bernardes de Araújo.

Os atletas do remo chegaram a confundir a norma, aparentemente fixada pelo dirigente do esporte, com as determinações da cartilha de comportamento que se espera do atleta distribuída pelo Comitê Olímpico Brasileiro. “A cartilha do COB nem fala de imprensa. Mas o chefe da equipe é o coordenador das entrevistas. Determinamos isso, mais para que ele saiba se o atleta está dormindo, comendo, se pode falar aquela hora. Não há proibição, tanto que divulgamos todos os telefones dos chefes de equipes para facilitar as entrevistas”, disse o chefe da missão brasileira no Pan, Marcus Vinícius. “Se há uma norma, ela deve ser do remo, mas vou falar com o Rodney sobre isso.”

A ginasta Daiane dos Santos já havia sido antipática ao ficar calada em frente a uma câmera de TV, e o técnico Oleg Ostapenko ameaçou fechar os treinos da modalidade.

O COB divulgou nota oficial dizendo que não há determinação alguma, de parte da entidade, que impeça os atletas, técnicos e chefes de equipe integrantes da delegação brasileira de conceder entrevistas durante os Jogos Pan-Americanos. “Pelo contrário, a missão brasileira estimula esse contato, tanto na zona internacional quanto ao término dos treinamentos.” O ministro do Esporte, Orlando Silva, disse que “os atletas são experientes e têm capacidade para medir o que falar e quando falar.”