MP vai analisar indícios de execução policial no Alemão

Rio - Após a polêmica entre ONGs e o governo estadual sobre a existência de indícios de execução nos laudos cadavéricos em alguns dos 19 mortos na operação policial do Complexo do Alemão, no dia 27 de junho, o Ministério Público do Rio encaminhou a peritos da instituição para que realizem uma "análise crítica e científica" dos documentos. Além dos mortos no confronto também serão analisados todos os inquéritos das 44 mortes na região desde o dia 2 de maio, quando começaram as incursões da polícia no conjunto de favelas.

Outros cinco peritos da Comissão Permanente de Combate a Tortura e à Violência Institucional da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, que também investigam o caso, fizeram 16 exigências à Polícia Civil que vão desde cópias dos documentos e fotos do inquérito até prontuários médicos e croquis descritivos dos locais onde ocorrem os confrontos no Complexo do Alemão.

O secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, entrou hoje na polêmica e também defendeu a política de segurança do governo do Rio. "Em alguns casos, antes das políticas sociais é necessário um enfrentamento para pacificar a região. Estamos resolvendo uma equação. Se alguém tiver uma solução, estamos abertos", declarou Corrêa. O secretário criticou indiretamente as ONGs ao afirmar que "o tráfico de drogas faz todos os dias diversas vítimas silenciosas e ninguém fala".

Execução

Os laudos,elaborados pelo Instituto Médico Legal, apontam que dos 19 mortos, 15 receberam tiros pelas costas, cinco baleadas com tiros de curta distância e outras três alvejadas na nuca. De posse dos laudos, órgãos ligados à luta pela defesa dos direitos humanos acreditam que há indícios de execução por parte de policiais. A Polícia Civil afirma que a perícia do IML não é suficiente para indicar se houve ou não excesso dos policiais.