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Economia
Sexta - 06 de Julho de 2007 às 18:49
Por: André Mascarenhas

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SÃO PAULO - A Bolívia quer mudar a percepção do empresariado brasileiro, e em especial do paulista, em relação ao governo de Evo Morales. Para isso, o próprio presidente poderá se dirigir pessoalmente à elite da indústria paulista, em um encontro que começou a ser articulado nesta semana e que poderá culminar na visita de Evo à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Em visita à Fiesp na quinta-feira, 5, o líder do governo no Senado boliviano, Santos Ramírez, apresentou o que ele está chamando de uma "segunda etapa" no processo que começou há cerca de um ano e meio, com a nacionalização dos hidrocarbonetos bolivianos. A idéia, explicou o senador do partido de Evo, é "esclarecer" as eventuais "preocupações" do empresariado sobre as "regras do jogo" na Bolívia.

"Queremos expressar nosso interesse de criar uma agenda mútua de cooperação" entre os dois países, disse Ramírez em entrevista telefônica ao portal estadao.com.br nesta sexta-feira, 6.

O senador visitou a Fiesp acompanhado do senador Andrés Guzman, do oposicionista Poder Democrático e Social (Podemos). Assim como o governista, Guzman argumenta que o processo de nacionalização boliviano foi uma forma legítima de o país recuperar a soberania sobre os seus recursos naturais. Agora, afirma o senador, é hora de iniciar uma nova etapa na relação bilateral entre os dois países. "Precisamos dar um salto qualitativo nessa história", disse ele.

De acordo com os senadores, essa "nova etapa" consiste na criação de um ambiente favorável para que a Bolívia possa dar seqüência ao projeto iniciado com as nacionalizações. Isso consistiria, segundo Guzman, não apenas no incremento da venda de gás para o Brasil, mas também na abertura de espaço para que o empresariado brasileiro invista no país vizinho.

Neste sentido, a visita de Evo serviria para que o presidente apresente "regras claras para gerarmos parceria e riqueza não só na Bolívia, mas também no Brasil", disse Guzman.

"Temos interesse em agregar valor a nossos produtos", explicita o senador, que cita a mineração como área com grande potencial para a criação de parcerias.

Segundo o senador Ramírez, trata-se de uma nova estratégia para a integração entre os dois países. "Necessitamos de novos investimentos. Por isso, estamos trabalhando em uma nova estratégia para agregar trabalho aos produtos da Bolívia", disse ele.

Imagem manchada

Embora os senadores neguem publicamente que o objetivo final seja mudar a imagem do governo Evo no Brasil, fontes na Fiesp vêem a iniciativa como uma forma encontrada para mostrar que a Bolívia esta interessada em estreitar suas relações com o Brasil. A utilização do Exército para ocupar uma refinaria da Petrobras na Bolívia no dia 1º de maio de 2006, quando Evo anunciou a nacionalização, teve repercussão muito negativa no Brasil. "A agenda estava muito politizada e pouco pragmática. Agora eles estão repensando isso. Eles querem mudar a imagem que a Fiesp tem da Bolívia", disse um funcionário da área de relações internacionais da instituição.




Fonte: Estadão

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