Prefeito some após denunciar ameaças de morte
Antes de deixar o município, o prefeito ordenou, por volta das 10h, o fechamento de todas as secretarias e da sede da prefeitura. Nada funciona desde ontem em Pirambu, e o clima na cidade é tenso. André Moura, que foi prefeito da cidade por oito anos (1997 a 2004) e ajudou a eleger Juarez Batista, não quis falar com a imprensa desde que as denúncias foram apresentadas.
No dia 15 de junho, o Tribunal Regional Eleitoral cassou o mandato do parlamentar, acusado pelo Ministério Público Eleitoral por compra de votos e abuso de poder econômico. A ação foi movida depois que a Polícia Federal apreendeu dois veículos em frente a uma escola em Aracaju às vésperas da eleição. Em um dos carros havia R$ 146 mil em espécie e material de campanha do candidato.
André Moura foi eleito com 38.778 votos, tendo sido o mais votado para a Assembléia Legislativa de Sergipe, onde atualmente ocupa a 1ª secretaria. Ele recorreu da decisão e aguarda o julgamento do recurso ainda no cargo.
Em depoimento à polícia, Juarez Batista disse que ao assumir a prefeitura, em janeiro de 2005, André Moura teria dito que ele deveria "seguir algumas regras e orientações e tê-lo como comandante." Ele disse ainda que havia sido alertado por André de que, se não fossem cumpridas as determinações impostas por ele, o prefeito teria o mandado cassado pelo Tribunal de Contas do Estado. André é filho do conselheiro do TCE, Reinaldo Moura.
Juarez Batista listou uma séria de privilégios financiados pela prefeitura para a família do deputado. De acordo com ele, André Moura tinha à sua disposição entre cinco e oito veículos de passeio, bem como toda manutenção dos carros paga pela prefeitura. O deputado, conforme o depoimento, realizava compras diversas em nome da prefeitura em vários estabelecimentos. Sua mulher, Lara Moura, constava na lista de funcionários na Secretaria de Ação Social, com um salário em torno de R$ 1, 7 mil, porém, segundo Juarez Batista, não trabalhava.
Juarez disse ao delegado que todos os gastos com o deputado custava aos cofres úblicos em torno de R$ 280 a 350 mil por mês. Ele disse ainda que repassava mensalmente a André Moura, cerca de R$ 30 mil a R$ 50 mil, em espécie, todos os meses.
O prefeito afirmou que depois que cortou alguns gastos dos familiares e apadrinhados da família do deputado, passou a receber algumas ligações do próprio André Moura, o qual dizia "tome cuidado! Você tem filhos (...) você pode perder a prefeitura e passar fome e necessidade". Ele pediu proteção ao secretário da Segurança Pública, Kércio Pinto. Segundo o secretário, policiais foram colocados à disposição do prefeito.
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