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Internacional
Quinta - 05 de Julho de 2007 às 18:18

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O ex-padre argentino Christian Von Wernich, 68, se negou a falar durante o primeiro dia de seu julgamento, nesta quinta-feira, no Tribunal Federal de La Plata, capital da Província de Buenos Aires, na Argentina.

"Não vou declarar nada e nem responder perguntas", disse. Von Wernich é acusado de revelar a confissão de presos políticos, torturados, às autoridades da recente ditadura argentina, entre 1976 e 1983.

Ele responde por sete homicídios, 31 casos de tortura e 42 prisões ilegais.

No banco dos réus, o ex-sacerdote da Igreja Católica estava protegido com um colete a prova de balas e cercado por paredes de vidro dentro da sala de audiências.

As cenas foram mostradas ao vivo pelas emissoras de televisão do país. Ele é o primeiro religioso a ser julgado por "crimes de lesa-humanidade" cometidos na ditadura argentina.

Na sala deste julgamento oral e público era possível ouvir os gritos de "assassino" e "prisão perpétua" de familiares das vítimas.

Gritos

Diante do juiz, Von Wernich pediu que aumentassem o volume do som dos microfones, alegando que não podia escutar por causa dos gritos fora do Tribunal.

As sessões serão retomadas na terça-feira e a expectativa é de que o processo inteiro dure, pelo menos, dois meses. Nesse período, estima-se que 130 pessoas (sendo 70 vítimas da ditadura) vão prestar depoimentos no julgamento do ex-padre.

As testemunhas estão recebendo proteção especial do Estado. No ano passado, logo depois de depor num julgamento de outro acusado da ditadura, a testemunha, Julio López, desapareceu e ainda não se tem notícias de seu paradeiro.

De acordo com o historiador argentino Hernan Brienza -um dos que acusa o ex-padre- Von Wernich entrava nas celas e ouvia as confissões dos presos "à beira da morte", mas que tinham a "esperança" de serem salvos pelo religioso.

Brienza é autor do livro "Maldito Tú Eres". Em seu livro, ele conta que Von Wernich fez parte de um sistema de prisões ilegais e torturas que teve apoio da igreja na Argentina.

No Tribunal, nesta quinta-feira, o ex-padre ouviu em silêncio as acusações com os nomes das vítimas. Às vezes, ele fazia algum comentário com seus defensores e chegou a insinuar que chorava.

O ex-sacerdote é acusado como co-autor dos assassinatos de Domingo Moncalvillo, María del Carmen Morettini, Cecilia Idiart, María Magdalena Mainer, Pablo Mainer, Liliana Galarza y Nilda Susana Salomone.

Ele foi preso em setembro de 2003, depois de ter passado quatro anos no Chile com um nome falso.




Fonte: BBC

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