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Internacional
Quinta - 05 de Julho de 2007 às 18:03

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O presidente do Equador, Rafael Correa, quer "pôr fim" aos "abusos" cometidos pela Colômbia com o Equador na fronteira entre os dois países, tanto com as fumigações de aéreas de plantações de coca como com a desproteção de uma região onde atua a guerrilha colombiana.

"O povo colombiano é um povo irmão, o Governo colombiano é um Governo irmão e amigo, mas entre irmãos também pode haver abusos e acreditamos que faz tempo que o Governo da Colômbia tem abusado do Equador", disse Correa em entrevista exclusiva à agência Efe.

Correa disse que a Colômbia "bombardeou com glifosato (herbicida) nossa fronteira norte e desprotegeu sua fronteira sul", deixando para as Forças Armadas equatorianas a missão de servir como contenção ao avanço das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

"Isso significa 11.000 soldados e policiais para nós na fronteira norte, quando em tempos normais precisaríamos de 2.000", disse Correa, acrescentando que estas medidas de segurança representam "cerca de US$ 120 milhões anuais, o que é um custo imenso para um país como o Equador".

Segundo o líder, seu Governo "está disposto a acabar com tudo isto, e um primeiro passo foi esse contundente relatório científico da comissão formada para estudar os efeitos do glifosato", que até janeiro a Colômbia utilizava em seu lado da fronteira para destruir plantações clandestinas de coca.

Quito exigiu reiteradamente a Bogotá o fim das fumigações de aéreas fronteiriças, pois considera que o herbicida atravessava a fronteira arrastado pelo vento, e causava graves danos no lado equatoriano.

Com o relatório de uma Comissão Científica equatoriana, que confirma as teses de Quito, o Equador promoverá "ações legais" na Corte Internacional de Justiça (CIJ) contra a Colômbia, que provavelmente serão abertas em cerca de seis meses, disse Correa.

O governante equatoriano afirmou que espera que seja organizada uma "estratégia multilateral para que a Colômbia seja pressionada" a acabar definitivamente com as fumigações e proteger melhor sua fronteira.

Também expressou seu desejo de que Bogotá, "se possível, mude essa estratégia de violência e militarismo que não lhe deu nenhum resultado, embora isso já seja uma decisão soberana da Colômbia".

Correa também falou das relações do Equador com os Estados Unidos, país do qual afirmou gostar "profundamente", pois estudou nele durante quatro anos. Disse que, "nos últimos 20 anos, houve um tremendo entreguismo, que agora, com um Governo soberano, foi cortado".

"Não estamos buscando nenhum acordo comercial com os EUA, embora não o descartemos, mas um acordo comercial em uma lógica de benefício mútuo, não em uma lógica de concorrência", disse Correa.

O presidente ressaltou que não assinará um Tratado de Livre-Comércio (TLC) com Washington que seja "desvantajoso e extremamente perigoso para o país".

Também antecipou que espera revisar o Tratado de Proteção Recíproca de Investimentos com os EUA, que, segundo ele, é "uma claudicação à soberania nacional".

"Estamos corrigindo coisas que nunca deveriam ter acontecido e, então, quando os EUA entenderem que há um Governo soberano, que vai fazer respeitar os direitos do país, não vai haver nenhum problema", disse Correa.

Também não renovará, disse o presidente, o acordo para a utilização da base equatoriana de Manta, pela qual os EUA "nem sequer pagam aluguel", afirmou.




Fonte: EFE

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