Cientista identifica como dor age para distrair o cérebro
A distração causada pela dor é um mecanismo de sobrevivência do ser humano. Se fossemos capazes de simplesmente ignorar os estímulos dolorosos e continuar com nosso dia, dificilmente iríamos tratar do problema que estava causando desconforto.
“A dor distrai porque ela é importante evolutivamente. A dor aguda é um sinal de alta prioridade que indica um dano ou uma ameaça em potencial. É por isso que ela interfere com qualquer coisa que estivermos fazendo”, disse ao G1 o líder do estudo Ulrike Bingel, da Universidade de Hamburgo-Eppendorf, na Alemanha.
No estudo publicado na revista científica “Neuron” desta quinta-feira (5), Bingel e seus colegas encontraram exatamente que parte do cérebro é responsável por dizer “ei, está doendo, deixa isso pra lá”. É o chamado “córtex cingulado anterior rostral”, que não apenas está ligado ao processamento da dor como faz parte de uma outra área cerebral maior, que tem uma atuação importante no controle da atenção. A área afetada por essa ação é o “complexo lateral occipital”, o mesmo lugar que é ativado quando perdemos a concentração por cansaço.
Para chegar a essas áreas, os cientistas pediram a um grupo de voluntários que realizasse um jogo de memória. Eles tinham que distingüir entre um grupo de imagens e também lembrar certas imagens. Depois, os participantes tiveram que fazer a mesma coisa, mas com dores em diferentes escalas causadas por um laser (inofensivo) sendo aplicado em suas mãos. Durante todo o processo, seus cérebros foram monitorados através de ressonância magnética.
Não se sabe ainda, no entanto, se analgésicos são capazes de recuperar a concentração de alguém inibindo a atividade nessa área do cérebro. “Acredito que sim, que se você reduzir os sinais de dor, a atenção deve voltar -– ao menos em geral. Mas isso é apenas especulação. Ainda precisamos fazer estudos no cérebro para comprovar essa ação”, diz Bingel. “No caso das enxaquecas, no entanto, que costumam atrapalhar a cognição mais do que qualquer outro tipo de dor, esse pode não ser o caso. Ainda precisamos estudar mais”, afima.
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