Pesquisa revela que universitários sofrem de estresse
Com tantas atividades, Marcella passou a ficar ansiosa, não conseguia assimilar bem os conteúdos das aulas e começou a sofrer de branco na hora das provas. “Foi uma fase muito atribulada. Chegou um período que achei que não daria conta de tudo”, afirmou. Após passar por uma análise psicológica, Marcela soube que estava com estresse médio.
Marcella participou de uma pesquisa sobre o estresse dos universitários apresentada como dissertação de mestrado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Além dela, foram avaliados outros 84 alunos, entre 17 e 41 anos, do Centro Universitário do Planalto do Araxá (UniAraxá) dos cursos de enfermagem, ciências biológicas e educação física. Todos sofriam de estresse em fases diferenciadas.
Segundo os dados do estudo, 48% dos alunos sofriam de estresse perigo, que afeta a memória e provoca dificuldade de concentração. Outros 28% tinham estresse médio, cujo sintoma é um cansaço excessivo, mas não chega a comprometer o desempenho acadêmico e 23% apresentavam estresse perigo-agudo, o que chega a reduzir a imunidade do corpo. Apenas 1% tinham estresse exaustão, a mais grave das fases do estresse, na qual a pessoa pode adoecer e se afastar de suas atividades.
De acordo com a professora e psicóloga Olga de Fátima Leite Rios, autora do estudo, muitos alunos se queixavam de desânimo, ansiedade, insegurança, dificuldade de concentração, choravam na sala de aula, tinham branco durante a prova, entre outros problemas. Os dos cursos da área de saúde eram os que mais reclamavam. Olga também é coordenadora do Centro de Apoio e Desenvolvimento Humano da Uniaraxá.
Segundo Olga, os estudantes do primeiro período em geral sofrem estresse devido ao impacto de deixar o ensino médio e começar a faculdade e por causa da ansiedade em relação ao novo curso.
Já os dos períodos intermediários, relataram desmotivação em relação ao curso, dúvida se estão aprendendo o suficiente, e se a graduação é mesmo o que esperavam. Foi o caso de Vânia Silva e Souza, 43, que conta ter se sentido desanimada quanto à formação em ciências biológicas.
“Eu estava no quarto período e o curso não era como eu imaginava. Meu interesse era sobre a parte de saúde, mas só fui ver isso no sétimo período”. Ela diz ter sentido irritabilidade, cansaço e não conseguia atingir o rendimento que almejava. Suas notas caíram e ela ficou em dependência em algumas disciplinas.
Nos últimos períodos, segunda a pesquisadora, o mais comum é os alunos se preocuparem com o mercado de trabalho e terem medo de não conseguir emprego.
Enfrentando frustrações
Segundo a pesquisadora, para combater os problemas a universidade passou a apresentar melhor o projeto pedagógico aos calouros, promover conversar com alunos já formados e professores que poderiam explicar mais sobre a graduação. Nos últimos períodos, a universidade faz oficinas de preparação profissional com aulas sobre entrevistas de empregos e outras dicas sobre mercado de trabalho.
“É essencial também preparar o aluno para as frustrações do futuro, por meio do enfretamento da realidade. Ele tem que saber que é normal passar por frustrações e que isso faz parte da vida”, diz Olga.
Ela indica como formas de evitar o estresse, planejar melhor os estudos, cuidar da saúde, dormir bem, fazer uma atividade física, exercitar técnicas de respiração, buscar um suporte afetivo (para os que moram longe da família) e, nos casos mais graves, procurar ajuda médica especializada.
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