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Professores querem barrar livro com mapa do tráfico no Rio
RIO - Professores da rede municipal do Rio preparam um manifesto criticando o livro "Geografia - Sociedade e Cotidiano", da editora Escala Educacional, por apresentar um mapa intitulado Áreas de Atuação de Grupos de Tráfico de Drogas no Rio de Janeiro.
O documento pedirá a retirada de circulação do material e será enviado ao Ministério da Educação (MEC). O livro, apesar de indicado pelo MEC, foi vetado pela prefeitura carioca nas escolas municipais.
"Esse livro é anti-pedagógico, uma agressão ao povo do Rio", disse o ex-secretário estadual de Educação e membro da Academia Brasileira de Letras, Arnaldo Niskier. "É preciso haver maior transparência nos métodos de escolha pelo MEC. Ninguém conhece os critérios de avaliação, quem são os avaliadores, por que um deve e outro não deve ser aprovado", criticou o educador.
O livro, de autoria dos professores Márcio Vitiel, José Francisco Bigotto e Dadá Martins , faz parte do Programa Nacional do Livro Didático, que indica cerca de 15 títulos por disciplina para serem escolhidos pelos professores da rede pública. O material é dirigido para alunos da 6ª série, com idade entre 11 e 13 anos.
A coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), Maria Beatriz Rios, criticou a abordagem do livro, mas admitiu que o assunto deve ser tratado em sala de aula. O sindicato deve se reunir para analisar a questão e decidir se adere ao manifesto, que, segundo ela, surgiu por iniciativa dos professores. "Não tem como esconder essa realidade (do tráfico), mas temos que ver a maneira como tudo isso será abordado em sala de aula.", disse Maria Beatriz.
A secretária municipal de Educação, Sônia Mograbi, concorda que o tema merece ser discutido com os alunos, mas não através do material didático. "Não deixamos de tratar questões que acontecem no entorno deles, mas acho que o livro deve reforçar a cultura da paz", afirmou. Segundo ela, o livro reforça preconceitos. No mapa em que a cidade aparece dividida entre facções como Comando Vermelho, Amigo dos Amigos e Terceiro Comando, os bairros da zona sul, região nobre, aparecem em caixa alta. Bairros da zona norte, como Ramos e Manguinhos, aparecem sob o domínio do tráfico.
"O mapa está cheio de erros. Eles não falam que as facções dominam favelas, mas sim bairros inteiros", disse Mograbi. Os autores também se referem a uma feira de artesanato na Tijuca, na zona norte, como sendo "palco de relação conflituosa de migrantes nordestinos moradores de favelas e moradores que se incomodam com isso". "Eu morei a minha vida ali do lado e nunca vi conflito algum", criticou a secretária.
Autor defende obra
Um dos autores defende sua obra: "Nós estamos colocando num livro didático uma informação que faz parte da realidade do País. Infelizmente não tem como a gente omitir isso, afinal, a geografia estuda uma realidade", disse Márcio Vitielo ao Jornal da Globo.
A polêmica começou no "Ex-blog" do prefeito do Rio, Cesar Maia, que disse ter sido alertado por professores que examinavam os conteúdos dos livros que poderiam ser adotados no ano que vem. "Será que o Ministério da Educação analisou esse material "pedagógico"? Será que autorizou circular pelo Brasil para crianças de 12 anos? Professores estão se mobilizando para pedir na justiça a proibição de circulação desse panfleto que é um atentado ao ensino de Geografia para crianças de 12 anos. Que tal incluir mapas de estupro, chacinas, assassinatos de velhinhas em novas edições?", indagou o prefeito no seu boletim eletrônico.
O mapa polêmico está na página 10 do primeiro capítulo. Ainda há duas fotos, uma de um policial civil de colete, em operação na "Favela da Gota, no Complexo do Alemão", quando na verdade o nome correto da favela é Grota. Na outra foto, aparece uma pessoa com bandeira branca, escrito "Paz".
O documento pedirá a retirada de circulação do material e será enviado ao Ministério da Educação (MEC). O livro, apesar de indicado pelo MEC, foi vetado pela prefeitura carioca nas escolas municipais.
"Esse livro é anti-pedagógico, uma agressão ao povo do Rio", disse o ex-secretário estadual de Educação e membro da Academia Brasileira de Letras, Arnaldo Niskier. "É preciso haver maior transparência nos métodos de escolha pelo MEC. Ninguém conhece os critérios de avaliação, quem são os avaliadores, por que um deve e outro não deve ser aprovado", criticou o educador.
O livro, de autoria dos professores Márcio Vitiel, José Francisco Bigotto e Dadá Martins , faz parte do Programa Nacional do Livro Didático, que indica cerca de 15 títulos por disciplina para serem escolhidos pelos professores da rede pública. O material é dirigido para alunos da 6ª série, com idade entre 11 e 13 anos.
A coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), Maria Beatriz Rios, criticou a abordagem do livro, mas admitiu que o assunto deve ser tratado em sala de aula. O sindicato deve se reunir para analisar a questão e decidir se adere ao manifesto, que, segundo ela, surgiu por iniciativa dos professores. "Não tem como esconder essa realidade (do tráfico), mas temos que ver a maneira como tudo isso será abordado em sala de aula.", disse Maria Beatriz.
A secretária municipal de Educação, Sônia Mograbi, concorda que o tema merece ser discutido com os alunos, mas não através do material didático. "Não deixamos de tratar questões que acontecem no entorno deles, mas acho que o livro deve reforçar a cultura da paz", afirmou. Segundo ela, o livro reforça preconceitos. No mapa em que a cidade aparece dividida entre facções como Comando Vermelho, Amigo dos Amigos e Terceiro Comando, os bairros da zona sul, região nobre, aparecem em caixa alta. Bairros da zona norte, como Ramos e Manguinhos, aparecem sob o domínio do tráfico.
"O mapa está cheio de erros. Eles não falam que as facções dominam favelas, mas sim bairros inteiros", disse Mograbi. Os autores também se referem a uma feira de artesanato na Tijuca, na zona norte, como sendo "palco de relação conflituosa de migrantes nordestinos moradores de favelas e moradores que se incomodam com isso". "Eu morei a minha vida ali do lado e nunca vi conflito algum", criticou a secretária.
Autor defende obra
Um dos autores defende sua obra: "Nós estamos colocando num livro didático uma informação que faz parte da realidade do País. Infelizmente não tem como a gente omitir isso, afinal, a geografia estuda uma realidade", disse Márcio Vitielo ao Jornal da Globo.
A polêmica começou no "Ex-blog" do prefeito do Rio, Cesar Maia, que disse ter sido alertado por professores que examinavam os conteúdos dos livros que poderiam ser adotados no ano que vem. "Será que o Ministério da Educação analisou esse material "pedagógico"? Será que autorizou circular pelo Brasil para crianças de 12 anos? Professores estão se mobilizando para pedir na justiça a proibição de circulação desse panfleto que é um atentado ao ensino de Geografia para crianças de 12 anos. Que tal incluir mapas de estupro, chacinas, assassinatos de velhinhas em novas edições?", indagou o prefeito no seu boletim eletrônico.
O mapa polêmico está na página 10 do primeiro capítulo. Ainda há duas fotos, uma de um policial civil de colete, em operação na "Favela da Gota, no Complexo do Alemão", quando na verdade o nome correto da favela é Grota. Na outra foto, aparece uma pessoa com bandeira branca, escrito "Paz".
Fonte:
Estadão
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/218586/visualizar/
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