Anistia faz apelo à UE para discutir violência no Brasil
Portugal assumiu a presidência rotativa da União Européia na semana passada e coordena na quarta-feira o seu primeiro encontro de cúpula como líder do bloco - justamente a cúpula entre a União Européia e o Brasil, que será realizada em Lisboa.
O governo português se comprometeu a discutir a questão de direitos humanos em todas as reuniões do bloco, durante os seis meses em que ocupará a presidência e, por causa da proximidade com o Brasil, a Anistia Internacional espera que o primeiro assunto em pauta seja a violência brasileira.
Na semana passada, 19 pessoas morreram em uma operação da polícia do Rio de Janeiro no Complexo do Alemão, e a ONG atribui as mortes também à negligência do governo com as comunidades mais pobres.
"Elas estão encurraladas entre a violência dos grupos criminosos e a brutalidade de polícia. O "Caveirão" (apelido dado às viaturas do Batalhão de Operações Especiais da polícia carioca, o Bope) ainda é um poderoso símbolo do fracasso das políticas de segurança pública no Rio de Janeiro", diz uma nota da Anistia.
Legislação antiterror
Embora elogie a iniciativa do governo federal de criar o Sistema Único de Segurança Pública (Susp), a organização "lamenta a aparente falta de vontade política de implementar" o sistema, principalmente no que tange a falta de financiamento.
A ONG criticou ainda "as tentativas de igualar crime organizado a terrorismo e as tentativas de introduzir nova legislação antiterror".
"Ignorar as causas do problema: pobreza, exclusão social, corrupção e um sistema judiciário falho não vai fornecer soluções de longo prazo e vai apenas agravar a situação", disse Dick Oosting, diretor da Anistia na Europa.
O ativista acrescentou que, ao passo que a influência do Brasil cresce no cenário internacional, "também cresce a responsabilidade do governo brasileiro de defender os direitos humanos internacionalmente, regionalmente e acima de tudo, em casa".
Na semana passada , a Anistia Internacional classificou a megaoperação policial no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, como "violenta e caótica".
Comentários