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Nacional
Domingo - 01 de Julho de 2007 às 10:08

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A tropa de choque do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem papéis bem definidos na operação para tentar barrar a investigação contra ele no Conselho de Ética da casa.

As estratégias de defesa são montadas em reuniões no gabinete da presidência. Renan também dispara telefonemas durante todo o dia para repassar orientações e buscar apoio. No vale-tudo para se manter no cargo, o senador está recorrendo até a bilhetes.

O líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), é o porta-voz de Renan no Conselho de Ética e o principal articulador político do presidente do Senado no dia-a-dia. Até o início da crise, há cerca de um mês, a maior parte de seu tempo era gasto negociando a votação de projetos com senadores e técnicos. Agora Jucá entra e sai do gabinete da presidência o dia inteiro.

Toda vez que a situação é irremediável para Renan no Conselho de Ética, Jucá anuncia que acabou de receber uma ligação do presidente do Senado que, se adiantando às decisões do órgão, diz que concorda com medidas a serem tomadas na investigação. O objetivo de Renan é dar a aparência de que não estaria emparedado e que a apuração aconteceria por iniciativa sua.

Esse roteiro se repetiu três vezes. Primeiro ele anunciou que concordava com a realização de uma perícia, pela Polícia Federal, nos documentos apresentados por sua defesa. Depois com os depoimentos do lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, e do advogado Pedro Calmon, que defende a jornalista Mônica Veloso. Por último, ele se colocou à disposição para prestar esclarecimentos ao conselho, no momento em que senadores exigiam sua presença.

O líder do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), repassa os comandos de Renan para a bancada e coloca em prática as estratégias de defesa. Na linha de frente estão os senadores Leomar Quintanilha (PMDB-TO), Wellington Salgado (PMDB-MG), Gilvam Borges (PMDB-AP) e Almeida Lima (PMDB-SE). O senador Valter Pereira (PMDB-MS) fazia parte desse grupo, mas mudou de lado, defendeu o aprofundamento das investigações e acabou sendo substituído no Conselho de Ética.

Esses senadores não se importam com eventuais desgastes políticos decorrentes da operação para salvar Renan. Eles dizem que os documentos apresentados pela defesa do senador são suficientes para arquivar o processo.

"Pela denúncia do PSOL ele não é culpado. Não estou falando de notas fiscais. Ele tem que mostrar é o Imposto de Renda [que já mostrou] e que tinha capacidade de pagar [a pensão alimentícia]", afirmou Salgado, que foi relator do caso durante 24 horas e reiterou o pedido de arquivamento sumário.

O Conselho de Ética investiga se Renan usava recursos de um lobista da empreiteira Mendes Júnior para pagar pensão alimentícia de R$ 12 mil mensais para a jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha. Nos bastidores, os principais conselheiros de Renan são o senador José Sarney (PMDB-AP) e o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA). Eles têm freqüentado a casa do presidente do Senado.

PT

Até essa semana o PT estava cauteloso com as palavras e ações, mas arranjou um discurso para defender Renan depois que o DEM radicalizou e divulgou uma nota pedindo seu afastamento da presidência do Senado. Para os petistas, a oposição quer aprofundar a crise para tirar Renan do cargo e atingir o governo.

A situação é delicada para os senadores do PT. Eles não querem arcar com o desgaste pela defesa de Renan, mas também não podem abandoná-lo, já que o PMDB é o maior partido da coalizão. O Palácio do Planalto teme ser retaliado em votações no Congresso.

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) tem orientado os passos da bancada durante a crise e aconselhado senadores da base de sustentação do governo. A líder do PT, Ideli Salvatti (SC), e Tião Viana (PT-AC) fazem a ponte entre o Palácio do Planalto e a Casa, além de negociar com Renan as ações a serem tomadas.




Fonte: Folha de S.Paulo

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