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Nacional
Sábado - 30 de Junho de 2007 às 16:07

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Esperar é parte da rotina de lazer na noite paulistana. A reportagem visitou 43 estabelecimentos em oito noites e calculou: são de três minutinhos a 40 no cinema, até duas horas em restaurantes e uma hora e meia em bares e baladas.

A maioria dos clientes reclama. "Eu me sinto passando por um funil... Estamos confinados", diz Ana Paula Conti, 20, que desistiu da fila do El Kabong, em Pinheiros.

Mas na rua Avanhandava, que concentra algumas das maiores filas visitadas, "os clientes já estão acostumados com a espera", segundo Yara Alvarez, recepcionista do Famiglia Mancini. Na quinta (14), às 22h40, uma dúzia de pessoas aguardava na rua --a espera média era de meia hora.

O restaurante não aceita reservas, e a fila chega a duas horas. O Walter Mancini, logo em frente, aceita. Mas os clientes costumam ir sem reserva para a Avanhandava e esperam nos dois restaurantes, na pizzaria e no bar --dos mesmos Mancini.

Na Vila Madalena, bairro campeão em fila de bares, o público costuma ter menos paciência. Os seis bares visitados contam que, às vezes, perdem clientes para vizinhos com fila menor. O freguês vai para o bar em frente, em busca de cerveja gelada e, quem sabe, uma mesa.

"Aqui não tem fila, não tem mesa e, às vezes, acaba até o copo", brinca o garçom do Bassa, Sérgio Soares, numa quinta-feira de bar lotado. Sem espaço, os clientes se espalhavam pela calçada. Os copos não tinham acabado.

Mudança de roteiro

O movimento dos bares aumenta com o calor. Quando faz frio, as filas migram para cafés e para os bufês, como o da Galeria dos Pães e da Bella Paulista.

Mas a mudança não depende apenas do tempo. "Pois os bares nascem, vivem, parecem eternos a um determinado momento, e morrem", como escreveu o cronista Paulo Mendes de Campos ["Os bares Morrem numa Quarta-feira"].

Na Vila Olímpia, reduto das baladas paulistanas, o movimento caiu em sete das oito casas visitadas no sábado (16). Rejane Alves, dona da Vouge, conta que decidiu abrir só às sextas e sábados, "por causa do esvaziamento da Vila Olímpia". Há seis meses, a casa funcionava de terça a domingo.

Só a Via Funchal não sente a queda. "Nosso público é o público do show do dia, não depende do movimento no bairro", diz o gerente operacional Marcos Livi.

Sem fila

Mas, mesmo sem lotação, muitos clubes têm fila na entrada. Gerentes e donos juram que não é marketing. "É o tempo de abrir a comanda", justificam.

Leo Sanchez, empresário da noite há 30 anos, diz que o sistema americano no qual o cliente compra o ingresso ao entrar e paga o consumo diretamente no bar diminuiria as filas de entrada e acabaria com as de saída. Para ele, a moda do "esquenta" (encontro para beber antes da balada) aumentou as filas: "Aqui na Pacha, 70% dos clientes chegam entre 1h20 e 2h40. Aí tem fila", diz.

Os cinemas reconhecem que a venda de cadeiras numeradas acabaria com a corrida pelos melhores lugares. "Mas o público não está acostumado a comprar com antecedência", diz Solange Nascimento, coordenadora administrativa do Cinesesc-SP.




Fonte: Folha de S.Paulo

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