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Esportes
Domingo - 24 de Junho de 2007 às 09:31

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Se depender de seus índices classificatórios, o Pan-2007 terá um nível médio de atletas fracos na natação e no atletismo. A constatação é fruto da comparação entre critérios da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana) e de outras competições pelo mundo.

Até dirigentes brasileiros dos dois esportes reconhecem que os patamares estabelecidos pela entidade não são muito exigentes. Atribuem o fato à política da Odepa de incluir o máximo de países possível no Pan, o que não aconteceria no caso de índices superiores. Mas afirmam que isso não afetará o nível da competição no Rio.

"Estavam previstas vagas para 256 atletas na natação. Sei que já se classificaram bem mais do que isso, embora não tenhamos recebido a lista oficial. Foi por causa dos índices", conta o coordenador técnico de natação da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), Ricardo Moura, que acredita, porém, que isso não afetará o nível do Pan.

Só que a decisão de incluir o máximo de atletas é vista em competições como os Jogos Asiáticos, que nem sequer têm índices classificatórios.

Não é o que acontece no Mundial universitário de natação deste ano. Na Austrália, foram criados índices fortes para a equipe do país no evento.

Em todas as 26 provas que constam no programa do Pan, os australianos exigiram marcas melhores de seus nadadores --para participarem dos Jogos universitários-- do que a Odepa. Nos 1.500 m para homens, o tempo exigido no país da Oceania é um minuto mais baixo do índice para o Rio-07.

Em relação aos critérios classificatórios para a Olimpíada a diferença se alarga. Nos 50 m livre (masculino), prova decidida na batida, o Pan tem um patamar 37 centésimos superior ao índice B dos Jogos de Pequim.

A situação não é diferente no atletismo. Pelas normas de classificação, o Pan terá atletas mais fracos, na média, do que o Campeonato Africano de atletismo deste ano, na Argélia. Os africanos têm índices mais fortes em 15 provas, contra 12 da competição americana.

Isso não se limita a provas de fundo (mais de 3 mil metros). Exemplo: a confederação africana exige marca superior no salto em distância (masculino): 7,80 m contra 7,20 m do Pan. Mas, na elite, o Rio-2007 terá o cubano Ivan Pedroso (campeão olímpico em 2000), que confirmou presença na sexta, e o panamenho Irving Saladino (líder do ranking mundial).

Em relação ao Campeonato Europeu, o Pan só tem índices mais fortes na velocidade, até 400 m, nas quais o continente é forte. Outras 33 provas européias têm nível mais alto.

"Esses índices refletem a realidade de cada área nas diversas modalidades", diz o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, Roberto Gesta de Melo. "Geralmente não há uma diferença de nível tão grande entre os atletas [no Pan]."

Mas há disparidade entre atletas dos EUA e de certos países. Também os brasileiros estão bem à frente da maioria do restante do continente.

Nas piscinas, pelo menos 346 atletas finalistas do Troféu Brasil teriam vaga no Pan, segundo os critérios da Odepa. Isso significa que 83% dos nadadores nas finais A e B estariam incluídos na competição. Por isso, a CBDA estabeleceu como índice brasileiro ao Rio-07 marcas mais fortes do que as da Odepa.



No Troféu Brasil de atletismo, que acaba hoje, a maioria das provas até sexta-feira tinha pelo menos três atletas que marcaram índice para o Pan. No salto triplo (feminino) eram seis. Ou seja, Maurren Maggi e Keila Costa terão poucas rivais de alto nível no Pan, em julho.




Fonte: Folha de S.Paulo

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