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Nacional
Domingo - 24 de Junho de 2007 às 09:26

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A espera pela cirurgia de redução do estômago realizada gratuitamente por meio do SUS (Sistema Único de Saúde) chega a dez anos, afirma a Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).

E o prejuízo pela demora não é pequeno: todo ano, 4,5% dos pacientes obesos mórbidos que esperam pela cirurgia morrem. Como o SUS paga muito pouco pela operação, a maioria dos hospitais credenciados se recusa a fazê-la, conta Cláudio Corá Mottin, responsável pelo Departamento de Cirurgia Bariátrica da associação.

Segundo Mottin, atualmente o SUS paga R$ 3.700 por cirurgia _R$ 3.400 para o hospital, que utiliza equipamentos bastante avançados, e R$ 300 para os médicos. As equipes mais completas --como a que Mottin integra, num hospital filantrópico de Porto Alegre (RS)-- chegam a reunir 26 profissionais. Dividindo os R$ 300 entre eles, cabe a cada um R$ 11,53, como pagamento por um procedimento de vida ou morte que dura duas horas e meia. "A gente doa nosso trabalho, mas o hospital tem prejuízo, porque gasta com material e equipamentos, e por isso tão poucos aceitam fazer", conclui.

No Estado de São Paulo, só 17 hospitais realizam esse tipo de cirurgia pelo SUS, segundo a Secretaria Estadual da Saúde. Nove são públicos e sete ficam na capital. A pasta não informou qual o tempo médio de espera nem quantos pacientes aguardam a cirurgia, atualmente.

"Não liberar verba para fazer as cirurgias pelo SUS é uma economia burra. Depois o obeso mórbido desenvolve outras doenças, e o governo gasta mais comprando remédios para distribuir de graça para eles", afirma o médico.

Todo ano são realizadas no Brasil cerca de 30 mil cirurgias de redução do estômago, das quais menos de 5.000 são gratuitas, pagas pelo SUS.

A fila e a espera tendem a aumentar, porque a população está ficando cada vez mais obesa. Em 30 anos, o número de brasileiros obesos saltou de 17% para 41%. Obesos mórbidos correspondem a 1%, segundo a Abeso --o Ministério da Saúde estima em 3%.

Essa tendência é mundial. Nos Estados Unidos, 63% da população é obesa, e 7% são obesos mórbidos. Mas o número de cirurgias é muito maior: são realizadas quase 200 mil operações todo ano.

A cirurgia é o último recurso para vítimas de obesidade mórbida --pessoas que têm IMC (índice de massa corpórea) acima de 40. Esse número é obtido dividindo-se o peso pela altura ao quadrado.

Segundo Mottin, o que faz com que a obesidade seja cada vez mais freqüente são a influência genética, a falta de exercícios físicos e a dieta inadequada. "Hoje em dia, as pessoas comem muita porcaria", diz. O fator psíquico também influencia. "A compulsão alimentar [doença que faz com que a pessoa coma exageradamente] é cada vez mais comum", diz.

O médico alerta que muitos pacientes enfrentam problemas após a cirurgia porque não fazem o acompanhamento médico necessário. "É preciso controlar mensalmente a quantidade de vitaminas no organismo, porque é comum ocorrer desnutrição", afirma.




Fonte: Agora

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