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Nacional
Sexta - 22 de Junho de 2007 às 13:36

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Passageiros enfrentam filas e espera nos aeroportos do país nesta sexta-feira, pelo quarto dia seguido. Segundo balanço da Infraero (estatal que administra os aeroportos), os terminais com maior número de atrasos estão no Nordeste do país.

Em São Paulo, os aeroportos de Congonhas (zona sul da cidade) e de Cumbica, em Guarulhos (região metropolitana), operam sob o chamado seqüenciamento de vôos --quando o controle de tráfego aéreo nacional impõe um intervalo mínimo entre as decolagens que é maior que o normal.

Em Congonhas, o intervalo era de 15 minutos para decolagens para Belo Horizonte e para o Nordeste. Em Cumbica, o espaçamento adotado era de dez minutos para o Nordeste. Não havia registro de restrições para outras regiões. Os atrasos, no entanto, afetam os terminais em um efeito dominó.

De acordo com balanço da Infraero, 114 dos 501 vôos programados para ocorrer da 0h às 9h no país sofreram atrasos de mais de uma hora --22,7%. Do total, 57 vôos foram cancelados --11,3%.

A espera atingiu 50% dos vôos programados para ocorrer em Salvador --que tinha 34 operações previstas-- e de Fortaleza --onde eram previstas 22 decolagens. Em Recife, os atrasos afetaram 47,3% dos 19 vôos programados.

Ainda segundo a estatal, apesar das filas, a espera em Cumbica atingiu 9,2% dos 65 vôos previstos no período. No Rio, a espera no Tom Jobim afetou 14,6% dos 41 vôos.

Nesta sexta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá se reunir com o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, e com o ministro da Defesa, Waldir Pires, para discutir a nova crise aérea que ocorre no país. Lula quer que a Aeronáutica adote providências para evitar o agravamento da crise. Para ele, é fundamental estabelecer o fluxo e a segurança aérea no país.

Problemas no tráfego aéreo

Os aeroportos apresentam seguidos problemas desde terça-feira (19). Na ocasião, as decolagens nos aeroportos do Rio e de Minas foram suspensas e o espaçamento entre vôos de São Paulo e Brasília foi estendido para 30 minutos. Segundo os controladores de tráfego aéreo, as medidas --que iniciaram a atual série de atrasos-- foram necessárias devido a uma falha nos monitores do Cindacta-1. Os equipamentos tiveram que ser substituídos. Para a Aeronáutica, o que houve foi uma operação-padrão 'velada'.

No final da tarde de quarta (20), as operações de pouso e decolagens foram prejudicadas por uma queda nas freqüências que deixou o Cindacta-1 sem comunicação. O problema foi atribuído a uma falha da Embratel. A empresa afirma que ainda faz uma avaliação técnica dos sistemas que atendem a Infraero para, depois, se pronunciar.

Na quinta (21), os aeroportos de São Paulo passaram a operar com o chamado seqüenciamento. O aeroporto de Brasília também chegou a admitir a operação. À noite, a FAB (Força Aérea Brasileira) afirmou, em nota, que o excesso de tráfego aéreo levou à restrição de decolagens em São Paulo e no Rio.

A Folha Online apurou que controladores de tráfego aéreo reclamaram novamente de falhas nos consoles e falta de segurança no trabalho, na quinta-feira. Sem dar detalhes sobre o funcionamento dos equipamentos ao longo do dia, a Aeronáutica informou, às 19h, que o Cindacta-1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo), com sede em Brasília, funcionava 'com o número de consoles previsto'.

Prisão de controladores

A Aeronáutica decidiu punir com prisão administrativa ao menos dois líderes dos controladores sob a justificativa de que eles concederam entrevistas à imprensa sem autorização.

A primeira punição anunciada, na quarta-feira (20), foi contra o sargento Carlos Trifilio, que atua em São Paulo e é também presidente da Febracta (Federação Brasileira das Associações de Controladores de Tráfego Aéreo). Sua defesa afirma que apresentará à Justiça Militar um mandado de segurança para tentar reverter a prisão --que deverá chegar a 20 dias.

Na noite de quinta (21), o vice-presidente da Febracta, Moisés Gomes de Almeida, foi comunicado pelo Comando da Aeronáutica de que cumprirá dez dias de detenção, também a partir da próxima segunda-feira (25), por ter dado declarações sobre a crise aérea.

O presidente da ABCTA (Associação Brasileira de Controladores de Tráfego Aéreo), Wellington Rodrigues, também teria sido punido em dez dias de prisão por falar com a imprensa, mas a reportagem ainda não conseguiu entrar em contato com ele.

A decisão de punir os controladores gerou tensão entre a categoria. Eles, no entanto, negam que tenham programado a chamada operação-padrão como forma de protestar contra a medida.

Reportagem (só para assinantes) de Eliane Cantanhêde publicada na edição desta sexta-feira da Folha mostra que, diante do agravamento da crise aérea, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a Aeronáutica a agilizar os inquéritos militares contra os controladores de tráfego aéreo e prender os líderes, qualificados pela FAB como "sabotadores".




Fonte: Folha Online

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