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Nacional
Sexta - 22 de Junho de 2007 às 09:48

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Suspeita de favorecer pessoas apontadas como integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), a juíza Ida Inês Del Cid, da 2ª Vara de Mauá (ABC), foi afastada do cargo ontem. Trata-se da primeira medida contra uma autoridade do Judiciário paulista por possível ligação com o grupo criminoso.

O afastamento foi determinado porque a juíza foi flagrada em conversas telefônicas com Sidnei Garcia, vice-presidente da Associação Comercial da cidade e acusado de compor um grupo de 18 pessoas que usariam, segundo o Ministério Público, 22 postos de combustível para lavar dinheiro para o PCC.

Conforme a Folha informou dia 11, o empresário Douglas Martins do Prado, 38, fez, em dezembro de 2006, uma série de denúncias à Corregedoria Geral de Justiça de São Paulo sobre a conduta da magistrada e de Maria Eugênia Pires, também juíza do fórum de Mauá.

Durante seis meses, Prado não foi interrogado pela Corregedoria. Ele, que pediu o afastamento da juíza "por conduta em desacordo com o cargo", foi terça-feira ao TJ e insistiu para ser ouvido.

Dois dias depois, a saída de Ida Inês foi anunciada. Na sessão, com decisão unânime, desembargadores do órgão especial se disseram "preocupados com a atuação do PCC".

O TJ também anunciou, na mesma notificação publicada no "Diário Oficial", o desmembramento do processo das duas juízas. No caso de Ida Inês, que ficará fora das funções até o fim das investigações, foi decretado segredo de Justiça. Na notificação, os nomes das juízas aparecem somente com as iniciais.

O suposto envolvimento das duas juízas com pessoas apontadas como integrantes do PCC começou a ser investigado quando o empresário Prado comprou, no fim de 2005, uma casa de R$ 600 mil de Gildásio Siqueira Santos, também acusado de colaborar com a facção criminosa.

Após a conclusão do negócio, Santos entrou na Justiça e alegou não ter recebido integralmente o valor do imóvel. Prado, por sua vez, afirma ter feito, a pedido de Santos, parte dos pagamentos em contas de terceiros indicados por ele.

Coube a magistrada Maria Eugênia Pires julgar a causa. Ela deu ganho a Santos, que conseguiu ficar com o imóvel. Prado alega que a juíza não apreciou as comprovações de que quitou o imóvel.

Revoltado com o que classifica como golpe, Prado investigou Santos e descobriu a rede de postos. As informações dele acabaram na polícia e vários telefones foram grampeados.

Nos grampos para rastrear Santos, a polícia flagrou conversas de Sidnei Garcia com Ida Inês.

Grampos

Garcia tratava Ida Inês como "My Love" e ela devolvia: "palhaço", "trouxa" e "amore". Em outra gravação, a juíza diz a Garcia: "Ei...Eu podia estar matando, roubando, me prostituindo. Estou me arrumando".

Embora atuasse em Mauá, a juíza concedeu, num plantão que fazia em Santo André, liberdade a um homem preso em flagrante por porte ilegal de arma. O acusado seria segurança na loja de carros de Garcia.





Fonte: Folha de S.Paulo

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