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Lula vai sustentar posição de Brasil e Índia com Merkel e Blair
BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai sustentar em conversas com a chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, a posição do Brasil e da Índia, que deixaram nesta quinta-feira as negociações sobre liberalização do comércio mundial, disse uma fonte do Palácio do Planalto.
Brasil e Índia, representando vinte países em desenvolvimento, deixaram as negociações na cidade de Potsdam, na Alemanha, por considerar insuficientes as propostas agrícolas oferecidas por Estados Unidos e União Européia, ameaçando a conclusão da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).
"O chanceler Celso Amorim foi coerente com a posição brasileira e do G-20 ao deixar a reunião de Potsdam. O presidente Lula considera que a negociação só avança se as propostas agrícolas melhorarem", disse a fonte, que pediu para não ser identificada.
Logo após o chanceler brasileiro abandonar as negociações, Angela Merkel e Tony Blair solicitaram conversas com Lula por telefone para discutir a crise de Doha. Houve uma tentativa de pôr Lula e Merkel em contato ainda nesta quinta-feira, mas as ligações serão feitas na sexta-feira.
Uma alta fonte diplomática brasileira rebateu a acusação feita por um porta-voz da Casa Branca de que Brasil e Índia teriam sido responsáveis pelo fracasso de uma proposta agrícola que beneficiaria os países mais pobres.
"Por uma questão de elegância, o chanceler Amorim não fez acusações a nenhum país, mas deu as razões objetivas para o fracasso da negociação. Basta ler suas declarações para saber de quem é a culpa", disse a fonte brasileira.
Pela manhã, ainda em Potsdam, Celso Amorim afirmou que era inútil prosseguir com a reunião do G4 (Brasil, Índia, Estados Unidos e União Européia), já que haviam fracassado as conversas sobre os temas agrícolas, incluindo o tamanho dos cortes nos subsídios que têm provocado distorções no comércio destes produtos.
Crítica dos Estados Unidos
O governo norte-americano se disse desapontado com o fracasso da reunião e culpou Brasil e Índia por inviabilizarem um acordo que, segundo a Casa Branca, poderia ajudar nações menos desenvolvidas.
"Grandes economias, como Brasil e Índia, não deveriam ficar no caminho do progresso das nações pequenas, das (nações) pobres em desenvolvimento, mas parece que foi isso o que aconteceu na Alemanha nesta semana", disse o porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto.
O governo norte-americano exigiu que um eventual acordo para o corte substancial de seus subsídios agrícolas abrisse no mundo todo novos mercados para os produtos agrícolas, manufaturados e de serviços do país.
Brasil e Índia afirmaram que os Estados Unidos não estavam dispostos a avançar o suficiente para permitir que fizessem concessões adicionais em relação a produtos industrializados e à redução das barreiras para a importação de produtos agrícolas norte-americanos.
"Caso desejemos que a rodada continue avançando, será preciso uma substancial mudança de postura", disse o ministro indiano do Comércio e da Indústria, Kamal Nath.
Os EUA oferecem limitar em 22,5 bilhões de dólares os subsídios a produtores rurais, o que corresponde a uma redução de 53 por cento em relação ao teto atual.
Brasil e Índia, líderes do G20 (grupo de países em desenvolvimento) defendem que esse teto dos EUA fique na faixa de 12 bilhões a 15 bilhões de dólares por ano.
Apoio interno
O Palácio do Planalto avalia que a posição adotada em Potsdam conta com respaldo interno entre empresários e políticos, inclusive da oposição.
"Foi uma posição lógica uma vez que as discussões vinham se mostrando infrutíferas. Nessa guerra comercial, vale tudo, inclusive apontar os mais fracos como culpados. O direito de estrebuchar existe", disse o senador oposicionista Heráclito Fortes (DEM-PI), presidente da Comissão de Relações Exteriores.
Depois de lamentar a suspensão das negociações em Potsdam, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, também responsabilizou Estados Unidos e União Européia pelo impasse.
"Sem concessões recíprocas, não pode haver acordo. Os setores industrial e agroindustrial brasileiros não aceitarão um simulacro como resultado da pouca disposição até agora demonstrada pelos Estados Unidos e pela União Européia em concluir a Rodada Doha", afirmou o presidente da Fiesp.
Brasil e Índia, representando vinte países em desenvolvimento, deixaram as negociações na cidade de Potsdam, na Alemanha, por considerar insuficientes as propostas agrícolas oferecidas por Estados Unidos e União Européia, ameaçando a conclusão da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).
"O chanceler Celso Amorim foi coerente com a posição brasileira e do G-20 ao deixar a reunião de Potsdam. O presidente Lula considera que a negociação só avança se as propostas agrícolas melhorarem", disse a fonte, que pediu para não ser identificada.
Logo após o chanceler brasileiro abandonar as negociações, Angela Merkel e Tony Blair solicitaram conversas com Lula por telefone para discutir a crise de Doha. Houve uma tentativa de pôr Lula e Merkel em contato ainda nesta quinta-feira, mas as ligações serão feitas na sexta-feira.
Uma alta fonte diplomática brasileira rebateu a acusação feita por um porta-voz da Casa Branca de que Brasil e Índia teriam sido responsáveis pelo fracasso de uma proposta agrícola que beneficiaria os países mais pobres.
"Por uma questão de elegância, o chanceler Amorim não fez acusações a nenhum país, mas deu as razões objetivas para o fracasso da negociação. Basta ler suas declarações para saber de quem é a culpa", disse a fonte brasileira.
Pela manhã, ainda em Potsdam, Celso Amorim afirmou que era inútil prosseguir com a reunião do G4 (Brasil, Índia, Estados Unidos e União Européia), já que haviam fracassado as conversas sobre os temas agrícolas, incluindo o tamanho dos cortes nos subsídios que têm provocado distorções no comércio destes produtos.
Crítica dos Estados Unidos
O governo norte-americano se disse desapontado com o fracasso da reunião e culpou Brasil e Índia por inviabilizarem um acordo que, segundo a Casa Branca, poderia ajudar nações menos desenvolvidas.
"Grandes economias, como Brasil e Índia, não deveriam ficar no caminho do progresso das nações pequenas, das (nações) pobres em desenvolvimento, mas parece que foi isso o que aconteceu na Alemanha nesta semana", disse o porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto.
O governo norte-americano exigiu que um eventual acordo para o corte substancial de seus subsídios agrícolas abrisse no mundo todo novos mercados para os produtos agrícolas, manufaturados e de serviços do país.
Brasil e Índia afirmaram que os Estados Unidos não estavam dispostos a avançar o suficiente para permitir que fizessem concessões adicionais em relação a produtos industrializados e à redução das barreiras para a importação de produtos agrícolas norte-americanos.
"Caso desejemos que a rodada continue avançando, será preciso uma substancial mudança de postura", disse o ministro indiano do Comércio e da Indústria, Kamal Nath.
Os EUA oferecem limitar em 22,5 bilhões de dólares os subsídios a produtores rurais, o que corresponde a uma redução de 53 por cento em relação ao teto atual.
Brasil e Índia, líderes do G20 (grupo de países em desenvolvimento) defendem que esse teto dos EUA fique na faixa de 12 bilhões a 15 bilhões de dólares por ano.
Apoio interno
O Palácio do Planalto avalia que a posição adotada em Potsdam conta com respaldo interno entre empresários e políticos, inclusive da oposição.
"Foi uma posição lógica uma vez que as discussões vinham se mostrando infrutíferas. Nessa guerra comercial, vale tudo, inclusive apontar os mais fracos como culpados. O direito de estrebuchar existe", disse o senador oposicionista Heráclito Fortes (DEM-PI), presidente da Comissão de Relações Exteriores.
Depois de lamentar a suspensão das negociações em Potsdam, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, também responsabilizou Estados Unidos e União Européia pelo impasse.
"Sem concessões recíprocas, não pode haver acordo. Os setores industrial e agroindustrial brasileiros não aceitarão um simulacro como resultado da pouca disposição até agora demonstrada pelos Estados Unidos e pela União Européia em concluir a Rodada Doha", afirmou o presidente da Fiesp.
Fonte:
Reuters
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/220469/visualizar/
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