Preço maior reduz consumo de álcool, afirmam usinas
Na avaliação da Unica, a demanda pelo combustível estaria em 1,3 bilhão de litros por mês se a queda de preços promovida pelas usinas tivesse chegado aos consumidores. O não-repasse da queda inibe o consumo, segundo a entidade.
Para tratar da questão do preço do álcool, o governo marcou para amanhã uma reunião. Participarão representantes dos ministérios de Minas e Energia, da Agricultura, da ANP (Agência Nacional do Petróleo), distribuidores e revendedores de combustível.
O governo quer saber por que, quando o álcool sobe na usina, há repasse imediato para o consumidor, e, quando o preço cai, o mesmo não ocorre.
Na edição de terça, a Folha publicou reportagem segundo a qual, apesar de uma queda de 39% do preço do álcool nas usinas nas últimas oito semanas, nos postos os preços caíram só cerca de 8%.
A reportagem também informou que as margens de lucro das distribuidoras e dos postos subiram neste ano ante 2006.
No Brasil, os preços de combustíveis são liberados. No caso da gasolina e do diesel, o produto é vendido nas refinarias da Petrobras e comprado pelas distribuidoras, que repassam para os postos. Os preços são liberados em toda a cadeia. No caso do álcool, ele é vendido nas usinas para as distribuidoras, que repassam aos postos.
Dessa forma, o preço final ao consumidor depende não apenas do preço na refinaria (para gasolina e diesel) ou na usina (álcool) mas também do nível de competição entre distribuidoras e entre postos.
Em locais de pouca competição, com mercado cartelizado, os preços tendem a ser maiores. Nesse cenário, quando o preço do álcool cai na usina, distribuidoras e postos se apropriam da redução e engordam suas margens de lucro. Em locais onde a competição é mais acirrada, tende a haver repasse maior da queda de preço para o consumidor.
Sempre que há alta de preços, ou que uma queda esperada não acontece, o governo marca reuniões para tratar do assunto. As reuniões não têm efeitos práticos, uma vez que o governo já reiterou, diversas vezes, que não pretende voltar a tabelar o preço dos combustíveis, medida extinta em 1996.
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