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Internacional
Segunda - 18 de Junho de 2007 às 16:46

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Dois dias acima do paralelo 38, que divide o Sul do Norte na península coreana, são suficientes para perceber que a vida dos norte-coreanos é regida pela mão pesada do ditador Kim Jong-il e pela sombra de seu pai, Kim Il-Sung -líder do país desde sua fundação, em 1948, até a data de sua morte, em 1994.

Os broches com a imagem de Kim Il-Sung, o "pai da pátria", adornam as camisas de todos os camponeses; frases exaltando o venerado líder estão pintadas nas escolas e muros; e até nas imponentes montanhas da região estão gravadas expressões enaltecendo as façanhas de pai e filho.

Por outro lado os norte-coreanos têm de seguir regras sociais muito rígidas -entre elas a proibição de falar sobre política com estrangeiros.

Essa rara visão do interior do país mais fechado do mundo pode ser apreciada durante as rotas de passeio pelo complexo turístico de Kumgang, localizado na fronteira entre as duas Coréias.

Mais do que as imagens, conversar com um norte-coreano em seu ambiente é o que ajuda a compreender um pouco melhor a mentalidade dos habitantes dessa isolada nação.

"Kim Il-Sung é como um pai para nós. O que sentimos por ele é o mesmo que um filho sente pelo pai. Essa é a relação que temos aqui, se você quer entender", explicou um morador da região que, como todos os norte-coreanos, recusou-se a se identificar. No entanto, mesmo sabendo que conversava com um jornalista, ele permitiu que a reportagem fizesse uma fotografia sua.

De olhar humilde e vivo, e com uma roupa desgastada, ele levava no lado esquerdo do peito o broche com a imagem de Kim Il-Sung, o fundador da Coréia do Norte.

"Todos os norte-coreanos têm dentro de casa o retrato dos nossos líderes. Por isso, quando saímos, levamos esse broche que fica sobre o lado esquerdo do peito. Para o nosso povo, esse sentimento de devoção é algo puro, que sai do coração. É por isso que somos tão fortes", afirmou, sentado tranquilamente perto de uma das trilhas que levam até as praias isoladas e pedregosas da costa extremo sudeste do país.

"Se a Coréia do Sul estivesse passando pela mesma situação (que a Coréia do Norte), já teria colapsado", afirmou com orgulho contido. Logo após dizer isso, no entanto, ele mudou de conversa de forma natural, quase imperceptível, como se o fato de não poder falar de política com um estrangeiro estivesse em seus genes. É como um instinto.

Esse instinto é imposto, mas não totalmente controlado, pelo governo local. Ainda dentro do ônibus, ao chegar no complexo, os visitantes são advertidos de que não devem conversar com norte-coreanos nem entrar nas vilas. A segunda opção é realmente inviável, por causa dos inúmeros militares e barreiras eletrificadas que cercam a área. Mas é possível falar com os nativos, ainda que haja uma série de regras e cuidados que devem ser tomados. Não falar de política é um deles.

"A nossa educação", continuou o homem, após sair do delicado assunto econômico, "é voltada para o perfeccionismo. As pessoas são treinadas para serem perfeitas. Por outro lado, a educação socialista é dividida em três categorias: a educação em casa, na escola e a social."

"Podemos resumir assim: a educação norte-coreana é voltada para a força do indivíduo, e para a relação que ele deve ter com a comunidade", concluiu, afirmando que o governo financia os estudos de todos os cidadãos.

Apesar de conversar serenamente e de forma espontânea, e até parecer feliz de estar explicando a realidade do seu país, o homem subitamente se levantou e despediu-se, deixando claro que aquilo tudo que ele havia falado, mais o fato de ter permitido que eu tomasse sua foto, era mais que o suficiente -e permitido- para um único dia.





Fonte: G1

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