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Nacional
Segunda - 18 de Junho de 2007 às 14:54

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O advogado da jornalista Mônica Veloso, Pedro Calmon Filho, confirmou nesta segunda-feira (18) no Senado que foi alvo de ameaça por telefone e ainda leu uma declaração de sua cliente confirmando que recebeu em dinheiro vivo por meio de um lobista o pagamento da pensão da filha de três anos que tem com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Segundo Calmon, que depõe no Conselho de Ética, a ameaça foi feita por telefone no último dia 9. Do outro lado da linha, uma pessoa teria chamado o advogado de "filha da p..." e dito que ele e Mônica "amanheceriam com a boca cheia de formiga" se continuassem com a polêmica sobre Renan.

O advogado disse que não poderia comentar detalhes da relação entre Mônica e o senador. Mas leu uma declaração enviada por Mônica repetindo sua versão sobre o pagamento da pensão.

No documento, Mônica afirma que recebia o dinheiro das mãos do lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, e não por depósito em conta. "Ela mesmo depositava", disse o advogado da jornalista.

Na declaração, Mônica nega vínculo de amizade com o lobista e também que tenha chantageado Renan. "Não há provas", afirmou o advogado. A jornalista desmentiu também que tenha recebido R$ 100 mil para um fundo de educação de "despesas futuras" com sua filha.

O advogado reafirmou a versão de que isso faz parte de uma dívida da pensão, e que o recibo que fala de fundo foi um pedido de Renan. "O recibo é claramente simulado", afirmou. "Se minha cliente não o assinasse, não receberia o dinheiro", disse.

Logo depois de Calmon, irá depor o próprio lobista Cláudio Gontijo. Os depoimentos terão como relator o próprio presidente do Conselho de Ética, Sibá Machado (PT-AC). Sibá substituirá o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), que pediu licença nesta segunda por motivos de saúde.

Sibá explicou que assumirá o cargo de relator somente nesta segunda durante os depoimentos. "Vou assumir apenas nesta segunda. Amanhã teremos um outro relator", disse.

Sibá não admite, mas ele recebeu pelo menos duas recusas para substituir Cafeteira. Os senadores Leomar Quintanilha (PMDB-TO) e Valter Pereira (PMDB-MS), aliados de Renan, reuniram-se com Sibá, mas não aceitaram a função. Como não queria pôr alguém da oposição, Sibá optou por aproveitar a brecha do regimento que permite que ele mesmo fique como "relator substituto".

Essa substituição, no entanto, é apenas figurativa. Sibá deixou claro que ele e o relator que assumirá na votação do relatório de Cafeteira nesta terça não poderão alterar o voto que pede o arquivamento do processo contra Renan. "Já temos um relatório apreciado. E já está em discussão", afirmou.

A assessoria de Sibá explicou que somente uma nova representação no Conselho de Ética poderia abrir caminho para um relatório que abordasse o contéudo da reportagem do "Jornal Nacional" de quinta-feira (14), que mostra divergências nos recibos de rendimentos rurais apresentados pelo presidente do Senado para comprovar a origem do dinheiro da pensão.

A votação do relatório foi adiada para esta terça para que a Polícia Federal e técnicos do Senado fizessem perícia em documentos apresentados por Renan na última sexta para comprovar que não há divergências nesses recibos.

Cafeteira já havia dito que não mudaria seu relatório com o resultado da perícia. Ou seja, os resultados dessa análise dos documentos podem somente alterar a intenção dos votos dos senadores a favor ou não ao relatório de Cafeteira ou pelos relatórios da oposição que pedem a continuidade das investigações.





Fonte: G1

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