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Blair sabia que EUA não tinha plano de pós-guerra para Iraque
LONDRES - O primeiro-ministro do Reino Unido apoiou a invasão do Iraque em 2003 mesmo sabendo que os EUA não tinham um plano de pós-guerra para reconstruir o país, segundo denúncia do jornal britânico The Observer.
De acordo com o jornal, Blair - que deixará o governo no dia 27 - chegou a manifestar sua preocupação com a falta de previsão da Casa Branca.
No entanto, o primeiro-ministro se comprometeu a enviar tropas ao Iraque, apesar de o presidente americano, George W. Bush, ter comentado pessoalmente que o Reino Unido podia ajudar "de qualquer outra maneira".
Os detalhes são divulgados em um documentário que a TV britânica Channel 4 transmitirá no próximo sábado e no qual estreitos aliados do primeiro-ministro falam dos preparativos para a guerra no Iraque.
Entre os participantes do programa está o ex-ministro britânico e hoje comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, que reconhece que Blair sabia do planejamento americano deficiente para o pós-guerra.
"Obviamente, deveria se ter prestado mais atenção ao que aconteceria depois, ao planejamento e a o que faríamos uma vez que Saddam fosse derrubado", diz Mandelson.
"Mas me lembro dele (Blair) dizendo naquele momento: ´Olha, eu não posso fazer tudo. Isso é, sobretudo, responsabilidade dos EUA, não nossa´", relata o comissário.
O assunto preocupava tanto o primeiro-ministro que, em março de 2002 - um ano antes da invasão - Blair decidiu enviar a Washington seu assessor de política externa David Manning, atual embaixador britânico nos EUA, para sondar o governo Bush.
Ao voltar a Londres, Manning escreveu em um memorando: "Acho que há um risco real que a Administração (de Bush) subestime as dificuldades. Podem estar de acordo que o fracasso não é uma opção, mas isso não significa que vão evitá-lo".
Garantias
As revelações suscitam dúvidas também sobre as garantias que Blair deu ao Partido Trabalhista, muito dividido pela questão do Iraque.
No documentário, o ex-líder trabalhista Neil Kinnock diz que o primeiro-ministro assegurou que estava satisfeito com o plano americano para reconstruir o Iraque depois do conflito.
"Eu disse a Tony: ´Tem certeza de que os americanos se prepararam de forma efetiva e exaustiva para as condições no Iraque depois da guerra?´ E ele disse: ´Tenho certeza´", contou Kinnock.
A própria secretária de Estado americana, Condoleezza Rice (então assessora de Segurança Nacional de Bush), confirma que o presidente americano ofereceu a Blair uma alternativa.
Segundo Rice, Bush comentou com o primeiro-ministro: "Talvez haja outra maneira para envolver o Reino Unido". Blair, de acordo com ela, teria respondido: "Não, eu estou contigo".
Alguns detratores da guerra não demoraram em reagir perante essas alegações, como o líder do Partido Liberal-Democrata (terceiro maior do país), Menzies Campbell.
"Esta admissão sincera de que o primeiro-ministro estava a par dos preparativos inadequados para o pós-guerra no Iraque são uma acusação devastadora", disse Campbell.
Blair, cuja popularidade despencou por causa de seu apoio à guerra, será substituído na chefia do governo por seu ministro da Economia, Gordon Brown, que admitiu que foram cometidos "erros" no Iraque.
De acordo com o jornal, Blair - que deixará o governo no dia 27 - chegou a manifestar sua preocupação com a falta de previsão da Casa Branca.
No entanto, o primeiro-ministro se comprometeu a enviar tropas ao Iraque, apesar de o presidente americano, George W. Bush, ter comentado pessoalmente que o Reino Unido podia ajudar "de qualquer outra maneira".
Os detalhes são divulgados em um documentário que a TV britânica Channel 4 transmitirá no próximo sábado e no qual estreitos aliados do primeiro-ministro falam dos preparativos para a guerra no Iraque.
Entre os participantes do programa está o ex-ministro britânico e hoje comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, que reconhece que Blair sabia do planejamento americano deficiente para o pós-guerra.
"Obviamente, deveria se ter prestado mais atenção ao que aconteceria depois, ao planejamento e a o que faríamos uma vez que Saddam fosse derrubado", diz Mandelson.
"Mas me lembro dele (Blair) dizendo naquele momento: ´Olha, eu não posso fazer tudo. Isso é, sobretudo, responsabilidade dos EUA, não nossa´", relata o comissário.
O assunto preocupava tanto o primeiro-ministro que, em março de 2002 - um ano antes da invasão - Blair decidiu enviar a Washington seu assessor de política externa David Manning, atual embaixador britânico nos EUA, para sondar o governo Bush.
Ao voltar a Londres, Manning escreveu em um memorando: "Acho que há um risco real que a Administração (de Bush) subestime as dificuldades. Podem estar de acordo que o fracasso não é uma opção, mas isso não significa que vão evitá-lo".
Garantias
As revelações suscitam dúvidas também sobre as garantias que Blair deu ao Partido Trabalhista, muito dividido pela questão do Iraque.
No documentário, o ex-líder trabalhista Neil Kinnock diz que o primeiro-ministro assegurou que estava satisfeito com o plano americano para reconstruir o Iraque depois do conflito.
"Eu disse a Tony: ´Tem certeza de que os americanos se prepararam de forma efetiva e exaustiva para as condições no Iraque depois da guerra?´ E ele disse: ´Tenho certeza´", contou Kinnock.
A própria secretária de Estado americana, Condoleezza Rice (então assessora de Segurança Nacional de Bush), confirma que o presidente americano ofereceu a Blair uma alternativa.
Segundo Rice, Bush comentou com o primeiro-ministro: "Talvez haja outra maneira para envolver o Reino Unido". Blair, de acordo com ela, teria respondido: "Não, eu estou contigo".
Alguns detratores da guerra não demoraram em reagir perante essas alegações, como o líder do Partido Liberal-Democrata (terceiro maior do país), Menzies Campbell.
"Esta admissão sincera de que o primeiro-ministro estava a par dos preparativos inadequados para o pós-guerra no Iraque são uma acusação devastadora", disse Campbell.
Blair, cuja popularidade despencou por causa de seu apoio à guerra, será substituído na chefia do governo por seu ministro da Economia, Gordon Brown, que admitiu que foram cometidos "erros" no Iraque.
Fonte:
EFE
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