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Nacional
Sábado - 16 de Junho de 2007 às 10:05

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A PF (Polícia Federal) encontrou indícios de que funcionários ligados à Subprefeitura da Sé, órgão da Prefeitura de São Paulo, receberam propina para que um bingo irregular continuasse aberto. A informação foi divulgada em reportagem publicada neste sábado na Folha.

A menção à propina aparece em uma conversa telefônica interceptada pela PF com autorização judicial na Operação Têmis, que investiga a venda de decisões judiciais.

Segundo a reportagem, o diálogo ocorreu em 9 de fevereiro deste ano, às 15h51, como mostra um dos 14 volumes do inquérito da operação obtido pela Folha.

De um lado da linha está Marco Antonio Tobal, vice-presidente da Associação Brasileira de Bingos e dono de duas casas de jogos na cidade (os bingos Jardins e Tatuapé), que teriam sido vendidos no ano passado, segundo ele. Do outro lado, Jaques, o intermediário da suposta propina, sobre quem a PF não descobriu mais detalhes até agora.

Em um trecho da conversa, Jaques pergunta: "E o tiule para dar pra esses putos?", pergunta Jaques -tiule é a gíria de cadeia e de travesti para designar dinheiro.

"Ah! Manda vir pegar, né?", responde Tobal. Ele diz que o pagamento era para o despachante Jaques.

Ainda durante o diálogo, Jaques avisa Tobal que um determinado bingo pode voltar a operar -a Folha apurou que se trata do Sampa Bingo, na avenida Ipiranga, área sob a jurisdição da Subprefeitura da Sé: "O que foi conversado foi a nível de subprefeitura. Você derruba as paredes, eles não vão mais te incomodar", conta Jaques.

Operação Têmis

A Polícia Federal deflagrou no último dia 20 de abril a Operação Têmis (nome da deusa grega da Justiça) contra uma suposta quadrilha que negociava a venda de sentenças judiciais com o objetivo de fraudar a Receita Federal e, em menor escala, permitir o funcionamento de bingos.

Durante a operação --realizada em São Paulo, Rio de Janeiro e Campo Grande (MS)--, a PF fez buscas e apreensões nas casas e escritórios de três desembargadores, dois juízes, um procurador da Fazenda Nacional, uma funcionária da Receita Federal, além de advogados e policiais civis.

De acordo com as investigações da PF, a quadrilha pagava uma mensalidade de R$ 20 mil a R$ 30 mil para desembargadores, juízes, um procurador da Fazenda Nacional e uma funcionária da Receita Federal. O esquema contaria ainda com a participação de policiais civis.

Além da mensalidade, segundo ele, a organização criminosa pagaria para os magistrados R$ 150 mil por sentença favorável. A mensalidade de R$ 20 mil a R$ 30 mil seria uma espécie de taxa de manutenção do sistema criminoso.

Em São Paulo, as buscas atingiram os gabinetes dos desembargadores Roberto Haddad, Alda Bastos e Nery da Costa Júnior, dos juízes Maria Cristina Cukierkorn (23ª Vara Federal) e Djalma Moreira Gomes (25ª Vara), do procurador Sérgio Ayala, entre outros.





Fonte: Folha Online

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