Lula pede atenção para violência física contra crianças
Em seu discurso, o presidente Lula lembrou que estava abrindo o Planalto ao último segmento que faltava - às crianças - e condenou a violência em geral, particularmente contra os menores. Ele citou dados da Sociedade Internacional de Prevenção ao Abuso e Negligência na Infância, que apontam que 6 milhões e 600 mil crianças, 12% da população brasileira com menos de 14 anos, são vítimas de algum tipo de violência doméstica todos os anos. "Isso corresponde a uma média de 18 mil por dia, ou 750 por hora ou, ainda, 12 agressões por minuto. No entanto, muito pouco dessa estatística brutal, em todos os sentidos, é efetivamente registrada", afirmou Lula, ao informar de 99 até hoje há apenas cerca de 500 mil casos de violência psicológica, física e sexual registradas.
"Isso significa que apenas 1% das agressões chegam a ser denunciadas", afirmou, reconhecendo que denunciar é um "ato de coragem das vítimas", e que "significa rasgar a cortina da vergonha e cumplicidade entre os pais, atrás da qual se esconde essa prática selvagem de educar seus filhos".
Lula contou que tem cinco filhos e que, nunca precisou levantar a mão para bater em nenhum deles. Ressaltou ainda que, "enquanto os pais pensam que batendo educam, na verdade ensinam que é legítimo bater em alguém e que isso ajuda a explicar o fato de que crianças violentas venham de lares violentos, e de que adultos que batem em crianças tenham sido agredidos na sua infância". E completou: "há, portanto, uma ligação muito forte entre uma infância de agressões e uma conduta adulta violenta".
Após salientar que a violência normalmente ocorre entre quatro paredes e que "é uma ilusão achar que esse problema só acontece no meio dos pobres", o presidente Lula voltou a defender a política do governo de planejamento familiar e distribuição de pílulas e preservativos. "O Estado brasileiro não tem que ter vergonha de dar os preservativos que tiver que dar para a mulher e para o homem, não tem que ter vergonha de dar orientação. Até vasectomia de graça nós vamos fazer na rede pública, para o homem saber que ele não precisa ter um monte de filhos, ele só tem que ter aqueles que ele pode criar. E quanto melhor ele puder criar os seus filhos, menos vai ser necessário levantar a mão para bater, mas sim levantar a mão para pegar no colo e dar um beijo numa criança", completou.
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